
Quando se fala em McLaren, a imagem que geralmente vem à mente é de um cupê baixo, de duas portas que abrem para cima, motor central e tração traseira — um superesportivo britânico em sua essência mais pura.
Mas esse cenário está prestes a mudar de forma drástica. A marca, que enfrenta dificuldades financeiras há anos, está nos estágios finais de planejamento de um novo modelo que foge completamente à fórmula que a consagrou.
A virada de chave ganhou tração após a aquisição da McLaren pela empresa de investimentos CYVN Holdings, de Abu Dhabi, em abril deste ano.
Desde então, o novo CEO da marca, Nick Collins, tem deixado claro que a McLaren vai muito além dos supercarros de dois lugares.
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Em uma reunião com concessionários, ele revelou que a fabricante está preparando sua entrada em novos segmentos — e isso inclui, sim, um modelo com quatro portas e estilo “utilitário”.
Embora os executivos ainda evitem usar os termos “SUV” ou “crossover”, tudo indica que esse será o novo caminho da McLaren.
A previsão é que esse modelo inédito chegue ao mercado em 2027, possivelmente ocupando o lugar do atual McLaren GTS, o mais próximo que a marca já teve de um carro de uso cotidiano.
O projeto está sendo desenvolvido internamente, mas com forte influência tecnológica dos novos parceiros da empresa.

A eletrificação também está no radar. A estratégia da McLaren será baseada em modelos híbridos, e não totalmente elétricos — pelo menos por enquanto.
Segundo relatos de concessionários presentes na reunião, a empresa ainda não está pronta para apostar tudo nos EVs. A previsão é que grande parte da linha McLaren passe a ser híbrida nos próximos três anos.
A virada de chave ganha ainda mais complexidade quando se olha para os bastidores. A nova controladora da McLaren, a CYVN, já vinha montando um império de startups automotivas.
Além de integrar a jovem Forseven ao portfólio da McLaren, a empresa detém participação no setor de veículos da Gordon Murray Design — famosa pela leveza e engenharia refinada — e ainda tem uma fatia na chinesa Nio, referência em carros elétricos.
Essa rede de parcerias deve ser usada para fortalecer a próxima fase da McLaren, com a incorporação de tecnologias de construção leve, motorização híbrida e design diferenciado.
Curiosamente, Gordon Murray — envolvido agora indiretamente na evolução da McLaren — foi o gênio por trás do lendário McLaren F1, lançado nos anos 90 e até hoje considerado um dos melhores supercarros da história.
Para os puristas, essa nova direção pode soar como uma traição à essência da marca. Mas a realidade é que até os ícones do automobilismo precisam se adaptar para sobreviver.
Ferrari, Porsche e Lamborghini já mostraram que vender SUVs pode ser o caminho para financiar os superesportivos de sonho — e agora chegou a vez da McLaren seguir a mesma trilha.
Se tudo der certo, o novo modelo com quatro portas será o passaporte da marca para um público mais amplo, garantindo fôlego financeiro e, quem sabe, espaço para continuar desenvolvendo máquinas emocionantes para as pistas e estradas.
Pode não ser o McLaren que os entusiastas pediram, mas talvez seja o McLaren que a empresa precisa para continuar existindo.
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