Quem já comprou um carro novo sabe que o processo exige atenção aos mínimos detalhes.
Mas, para alguns consumidores na Flórida, mesmo isso não foi suficiente para evitar surpresas desagradáveis — e, agora, duas concessionárias estão enfrentando sérias acusações por práticas questionáveis que envolvem a venda de veículos usados como se fossem zero quilômetro.
O primeiro caso envolve Lilly Althauser-Benson, que adquiriu um Jeep Wrangler 4Xe em uma revenda da Jerry Ulm Chrysler-Dodge-Jeep-Ram.
Tudo indicava que o carro era novo: adesivo original da fábrica no vidro, apresentação impecável e a promessa de que ela teria direito ao crédito fiscal de US$ 3.750 destinado a veículos elétricos novos.
No entanto, ao tentar acessar o título do veículo, veio a surpresa: a concessionária se recusou a mostrar o documento. A alegação é que o carro, na verdade, já havia sido titulado em nome de uma empresa de leasing, ou seja, já tinha um dono anterior.
Segundo o advogado de Lilly, o problema nem era a quilometragem, mas sim o fato de que a loja escondeu propositalmente o histórico do veículo para forçar a venda como se fosse novo.
Para ele, o caso configura uma violação da Lei do Hodômetro, que regula a divulgação correta de informações sobre quilometragem e propriedade.
Outro caso parecido, mas ainda mais polêmico, envolve Shawn Crowley, que comprou um Toyota Land Cruiser 2024 por impressionantes US$ 98.719.
De acordo com toda a papelada do negócio, o carro teria apenas 10 milhas rodadas — o que reforçava a ideia de que se tratava de um veículo novo. Mas menos de 48 horas após sair da loja, a luz de manutenção se acendeu no painel, pedindo uma troca de óleo.
Desconfiado, Crowley conferiu o hodômetro e descobriu quase 5.000 milhas rodadas. O susto foi tão grande quanto o valor pago.
A concessionária, Sun Toyota, chegou a reconhecer o erro, mas afirmou que tudo não passou de um “erro de digitação” e se ofereceu para “negociar algo em relação à quilometragem excedente”.
Difícil de engolir, principalmente considerando o preço pago por um veículo que, mesmo na versão mais completa, mal ultrapassa US$ 76 mil no site da Toyota.
Nada nos documentos indicava que se tratava de uma versão especial ou limitada. E mesmo que fosse, a justificativa da loja parece, no mínimo, frágil.
Esses dois processos judiciais servem de alerta para consumidores em qualquer lugar do mundo. No caso de Lilly, bastaria exigir acesso ao título antes de fechar negócio. No de Shawn, uma simples checada no painel teria evitado a dor de cabeça.
Em tempos de vendas agressivas e margens apertadas, casos como esses mostram como alguns vendedores estão dispostos a arriscar a confiança do consumidor para fechar uma venda.
E, muitas vezes, o consumidor só percebe que foi enganado quando já está com o prejuízo na garagem.
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