
Mesmo com a resistência do mercado japonês aos carros elétricos, a Honda decidiu dar um passo ousado e lançou oficialmente seu primeiro kei car elétrico de passageiros para o mercado doméstico.
Batizado de N-ONE e:, o modelo compacto chega às concessionárias no Japão no dia 12 de setembro por ¥2,7 milhões — cerca de 18.300 dólares — e promete uma autonomia surpreendente para o segmento: até 295 km com uma única carga.
Esse número coloca o N-ONE e: em vantagem direta sobre o Nissan Sakura, atual líder entre os elétricos leves do Japão, que oferece apenas 180 km de alcance.
A disputa deve acirrar ainda mais o mercado de kei cars elétricos, que representa cerca de um terço das vendas de automóveis no Japão, mas que até agora tem mostrado resistência à eletrificação.
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O desafio não é pequeno. Segundo dados da BloombergNEF, os veículos 100% elétricos deverão representar apenas 3,4% das vendas de carros novos no Japão em 2025.
A preferência nacional ainda recai sobre os híbridos, que oferecem praticidade, menor preço e não dependem da infraestrutura de carregamento, ainda deficiente no país.
Mas a Honda acredita que a mudança precisa começar pelos modelos mais acessíveis e populares.
“Nossa visão é que a adoção dos elétricos deve começar pelos carros que as pessoas já conhecem e usam no dia a dia”, afirmou Hideo Kawasaka, executivo da divisão regional da montadora no Japão.

A estratégia é simples: oferecer um veículo familiar, prático, com preço competitivo e autonomia que supere as expectativas do consumidor médio.
O sucesso da Honda no segmento de kei cars a combustão é inegável — o N-Box, por exemplo, é o carro mais vendido do Japão. Agora, a montadora quer replicar esse desempenho no universo dos elétricos.
Mas não está sozinha nessa empreitada: Suzuki e Toyota preparam um modelo elétrico conjunto para este ano, e até a chinesa BYD já confirmou que trará seu próprio kei EV ao mercado japonês em 2026.
O N-ONE e: aposta no apelo visual retrô, porte compacto e uma proposta que mira diretamente no uso urbano — onde a autonomia de quase 300 km se torna um diferencial decisivo.

A Honda também deverá investir em melhorias contínuas no modelo, conforme a concorrência se intensifica e o mercado começa, lentamente, a aquecer.
Kawasaka foi direto ao explicar os próximos passos: “Esperamos um ambiente competitivo cada vez mais agressivo, e por isso estamos focados em agregar valor à marca Honda dentro do mercado de elétricos.”
Em um país onde a eletrificação ainda patina, o N-ONE e: pode não apenas ser uma alternativa viável para os consumidores, mas também o ponto de partida para uma mudança cultural mais profunda no trânsito japonês.
Resta saber se o apelo racional será suficiente para convencer um público ainda cauteloso com a mobilidade elétrica.
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