
Dois anos após Renault e Geely separarem suas operações de motores a combustão em uma joint venture batizada de Horse Powertrain, a iniciativa ganha novo fôlego — e ambição.
Longe de ser uma nota de rodapé na transição energética, o plano agora é tornar-se o maior fabricante de motores do mundo até 2035.
Com a eletrificação patinando em diversos mercados — e o retorno de políticas mais conservadoras nos EUA, como a reversão de incentivos para veículos elétricos sob Donald Trump —, a Horse se posiciona como fornecedora estratégica para montadoras que, embora apostem nos EVs, ainda precisam manter a oferta de motores térmicos ou híbridos.
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Segundo análise da Reuters, a Horse mira 15 bilhões de euros em receita anual até 2029, um crescimento de 80% sobre os números atuais.

A empresa já produz mais de 8 milhões de motores e transmissões por ano em 17 fábricas, atendendo marcas como Renault, Dacia, Volvo, Nissan, Mitsubishi e Mercedes-Benz.
“As montadoras não conseguem fazer tudo sozinhas”, disse o CEO da Horse, Matias Giannini. “Estamos aqui para apoiá-las”.
A Horse reúne a expertise europeia da Renault, a escala industrial da Geely na China (com 8 fábricas no país) e conta com o apoio da Saudi Aramco, que detém 10% da empresa.
Analistas como Pierre Loret (S&P Global) afirmam que o motor a combustão “não está morto” e deve continuar relevante ao menos até meados da década de 2040, especialmente com a popularização dos híbridos plug-in (PHEV) e os elétricos com extensor de autonomia (EREV).

A Horse já desenvolveu um motor compacto do tamanho de uma mala para esse tipo de aplicação, enquanto avança em mais de 100 projetos globais, incluindo segmentos como náutica, construção civil e até drones.
Apesar do crescimento, há quem veja a aposta como arriscada — e potencialmente míope.
“Investir pesado em motores a combustão agora é como a Kodak apostar no filme fotográfico na era digital”, diz Ginny Buckley, CEO da Electrifying.com.
A ONG ambiental Transport & Environment também alerta para o risco de prolongar o uso de tecnologias poluentes sob o pretexto de “transição”:
“Abraçar a Horse é seguir apostando em algo que o mundo já decidiu abandonar”, diz Lucien Mathieu, diretor de mobilidade da entidade.

A verdade é que mesmo os mais otimistas com os EVs reconhecem que a transição será gradual — e custosa.
Com as montadoras divididas entre investir em carros elétricos, híbridos e modelos a combustão, ter um fornecedor confiável como a Horse pode representar economia e foco estratégico.
A própria Renault espera economizar 2 bilhões de euros até 2030 ao terceirizar parte de seu desenvolvimento de motores à Horse.
“Deixe que as montadoras se concentrem na transição elétrica”, conclui Giannini. “Enquanto isso, nós cuidamos dos motores e transmissões que ainda são essenciais.”
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