Nos últimos anos, as telas cresceram tanto dentro dos carros que chegaram a se tornar símbolo de sofisticação tecnológica.
A Mercedes-Benz, por exemplo, lançou no novo GLC com tecnologia EQ um painel de 39,1 polegadas que concentra quase todas as funções em um único display.
Mas nem todas as marcas acreditam que este seja o futuro mais prático.
A Hyundai decidiu remar na direção contrária.
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No Concept Three, exibido no IAA Mobility, a marca sul-coreana apresentou uma proposta de cabine que privilegia widgets configuráveis e informações projetadas na base do para-brisa, mantendo dados essenciais sempre no campo de visão do motorista.
A ideia é simplificar o acesso e evitar a dependência de menus complicados.
Simon Loasby, chefe de design do Hyundai Design Center, explicou em entrevista que os clientes estão cansados de percorrer várias camadas digitais apenas para ajustar funções simples como ar-condicionado ou aquecimento dos bancos.
Para ele, há um conjunto de interações tão frequentes que simplesmente não deveriam depender de uma tela.
O executivo destacou que a Hyundai não vai eliminar displays por completo, mas sim reposicionar sua função. Para operações mais avançadas e menos urgentes, as telas continuam sendo ideais.
Já para ações rápidas, a marca acredita que botões e comandos físicos ainda oferecem uma experiência mais intuitiva e segura.
Esse movimento não é isolado. No início deste ano, a própria Hyundai já havia sinalizado que pretendia trazer de volta mais botões em seus modelos, inclusive na linha premium Genesis.
Agora, o Concept Three, que deve dar origem ao futuro Ioniq 3, deixa claro que essa filosofia está em plena implementação.
Outras fabricantes também começam a reconhecer o problema. A Volkswagen admitiu que o excesso de minimalismo em seus interiores gerou críticas e decidiu reintroduzir comandos tradicionais em seus próximos veículos.
A mudança mostra uma reavaliação global da forma como motoristas querem interagir com seus carros.
A Hyundai planeja aplicar essa nova abordagem de forma mais ampla nos próximos 18 meses, reduzindo a dependência de telas gigantes em toda a sua linha.
A mensagem é clara: tecnologia é bem-vinda, mas não deve atrapalhar a usabilidade. O desafio é equilibrar inovação com praticidade, mantendo os olhos do condutor na estrada e as mãos no volante.
O debate sobre o futuro dos interiores automotivos ganha força. Enquanto uns apostam em transformar o carro em um smartphone sobre rodas, outros defendem que a segurança e a ergonomia devem prevalecer sobre o espetáculo digital.
A Hyundai parece ter escolhido o segundo caminho.
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