
A Hyundai, uma das montadoras mais influentes da Rússia antes da guerra na Ucrânia, pode perder definitivamente a fábrica que possuía no país.
Segundo fontes próximas à empresa, a fabricante sul-coreana não está em condições de exercer a cláusula de recompra da planta localizada em São Petersburgo, vendida em 2024 por um valor simbólico de 140 mil wons — pouco mais de R$ 530.
O acordo incluía um direito de recompra válido por dois anos, que expira já em janeiro de 2026.
A fábrica estava parada desde março de 2022, logo após o início da invasão russa à Ucrânia, que provocou uma onda de sanções ocidentais e inviabilizou as operações da maioria das montadoras estrangeiras no país.
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A Hyundai afirmou à agência Reuters que ainda não tomou uma decisão definitiva sobre o uso da cláusula, mas uma fonte ligada à empresa foi direta: “Não é uma situação em que possamos recomprar as ações.
Embora não tenha entrado em detalhes, o impasse está diretamente ligado à continuidade da guerra e às sanções que dificultam pagamentos, logística e até mesmo a reputação das marcas envolvidas.
O governo russo tem facilitado a transição de fábricas estrangeiras para empresas locais, muitas das quais hoje produzem modelos chineses sob novas marcas russas.
A antiga planta da Hyundai, por exemplo, agora monta veículos com a marca Solaris — nome que remete a um modelo muito popular da própria Hyundai no mercado russo antes da guerra.
A empresa chegou a produzir mais de 200 mil veículos por ano nesse local, incluindo unidades das marcas Hyundai e Kia.
Juntas, as duas controlavam cerca de 23% do mercado russo em 2019, superando até mesmo a Avtovaz, dona da Lada.
Com a guerra e a saída forçada das marcas ocidentais, a China ocupou o vácuo deixado pelas montadoras europeias, americanas, japonesas e coreanas.
Em 2024, as fabricantes chinesas venderam quase 1 milhão de carros na Rússia — de um total de 1,57 milhão de veículos vendidos no país.
Outras montadoras enfrentam situação semelhante. A Mazda foi a primeira a perder seu direito de recompra, em outubro, ao não exercer a opção de retomar 50% de sua fábrica em parceria com a russa Sollers.
Renault, Nissan, Ford e Mercedes-Benz ainda têm opções válidas, com prazos de vencimento entre 2027 e 2029, mas o cenário atual torna incerto qualquer retorno.
Toyota e Volkswagen, por outro lado, venderam seus ativos sem nenhum direito de recompra, abandonando de vez o mercado.
Com o tempo se esgotando e o contexto geopolítico ainda instável, cresce a probabilidade de que a Hyundai — que um dia liderou entre as montadoras estrangeiras na Rússia — não volte a operar no país tão cedo, se é que voltará.
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