Diante de um mercado ainda hesitante com a eletrificação total, a Hyundai Motor Co. anunciou uma guinada estratégica significativa para seu futuro na Índia.
Em vez de investir exclusivamente em veículos 100% elétricos, como vinha sinalizando nos últimos anos, a marca sul-coreana vai apostar forte em modelos híbridos.
Até 2030, serão oito SUVs híbridos em diferentes faixas de preço e apenas cinco modelos totalmente elétricos, numa estratégia pragmática que reflete os desafios locais e globais da mobilidade elétrica.
Durante seu primeiro Investor Day realizado em Mumbai, a montadora revelou um plano de investimento de US$ 5,1 bilhões (cerca de R$ 26 bilhões) para o mercado indiano.
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Esse valor será destinado à modernização de fábricas, desenvolvimento local de baterias, novos centros de pesquisa e lançamento de 26 modelos, dos quais sete serão completamente inéditos.
A maioria, no entanto, só deve chegar ao mercado nos dois últimos anos da década.
Para José Muñoz, CEO global da Hyundai, a mudança é necessária.
“Ansiedade de autonomia e custo ainda são barreiras reais”, afirmou. Ele enfatizou que os híbridos são uma etapa essencial para um país como a Índia, onde a infraestrutura de recarga é limitada e o consumidor ainda é muito sensível ao preço final do carro.
A mudança de rumo da Hyundai segue uma tendência que tem ganhado força na indústria automotiva.
Após anos de promessas ambiciosas sobre veículos elétricos, muitas marcas estão reconhecendo que o caminho da eletrificação total será mais longo e complexo do que se previa.
Toyota, por exemplo, vem liderando essa abordagem híbrida há décadas, e agora vê seu modelo de transição ser copiado por rivais como Hyundai e Kia.
O próprio governo indiano também tem sinalizado um recuo no foco absoluto em EVs.
Projetos de legislação ambiental agora incluem incentivos para híbridos como parte de uma estratégia multifuel, reconhecendo que eletrificar o país inteiro rapidamente pode ser inviável.
Apesar da mudança de estratégia, a Hyundai continua apostando alto na Índia.
A expectativa é que o país se torne o segundo maior mercado da marca no mundo, atrás apenas da América do Norte.
A fatia atual, que era de 11% das vendas globais em 2020, já chegou a 15% em 2025. A meta de receita local até 2030 é de US$ 11 bilhões.
Outro sinal claro do comprometimento com o mercado indiano foi o anúncio do executivo indiano Tarun Garg como futuro CEO da Hyundai India a partir de 2026 — o primeiro não-coreano a ocupar o cargo em 30 anos.
Ele terá a missão de liderar essa nova fase híbrida, que também incluirá o lançamento de veículos da marca de luxo Genesis produzidos na Índia, além de um compacto elétrico voltado ao público urbano.
Para além do mercado interno, a Hyundai vê a Índia como um polo exportador. A meta é enviar 30% da produção nacional para outros países, principalmente no Oriente Médio.
Em parceria com a Exide Industries, a marca também pretende consolidar uma cadeia local de fornecimento de baterias e componentes.
Enquanto rivais como Tata Motors e Mahindra seguem apostando tudo em elétricos, a Hyundai aposta na flexibilidade e no que o consumidor realmente quer.
E, pelo menos por enquanto, ele parece querer mais híbridos do que EVs.
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