
A indústria automotiva chinesa vive uma fase paradoxal em 2025: vende como nunca, mas lucra como raramente se viu tão pouco.
Nos primeiros onze meses do ano, o setor registrou uma margem de lucro de apenas 4,4%, a segunda mais baixa da história, ficando apenas 0,1 ponto acima do recorde negativo de 2024.
Apesar de uma produção em alta e receitas bilionárias, a pressão sobre os lucros revela um modelo de negócios sob tensão constante.
O faturamento total da indústria chegou a R$ 7,9 trilhões, uma alta de 8,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.
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No entanto, os custos subiram ainda mais: R$ 6,99 trilhões, com um crescimento de 9%.
Com isso, o lucro acumulado ficou em R$ 347,8 bilhões, o que representa um avanço de 7,5%, mas ainda abaixo do ritmo das despesas.

Em termos práticos, cada carro vendido gerou uma receita média de R$ 254.380, mas deixou apenas R$ 11.060 de lucro bruto.
É a materialização do cenário que especialistas têm chamado de “crescimento em escala com pressão sobre a rentabilidade”.
O setor automotivo chinês produz mais, fatura mais, mas lucra cada vez menos.
Essa deterioração dos ganhos vem de duas frentes.
De um lado, o custo dos insumos segue pressionado, principalmente por conta da volatilidade no preço das baterias e do aumento do custo da mão de obra.
De outro, a concorrência interna entre veículos elétricos e modelos a combustão escancarou uma guerra de preços que reduziu as margens a níveis mínimos.
Esse fenômeno afeta inclusive as grandes montadoras.
A Great Wall Motor, por exemplo, viu sua receita crescer quase 8% nos primeiros nove meses do ano, mas seu lucro líquido caiu 17% no mesmo período, em razão dos investimentos em canais de distribuição e da disputa acirrada por preços mais baixos.
A situação no varejo é ainda mais grave.
Mais da metade dos concessionários está operando no prejuízo, e mais de 70% dos modelos vendidos atualmente são comercializados com perda, segundo a mídia local Autohome.
Mesmo com esse cenário, novembro trouxe um respiro.
A receita do setor no mês foi de R$ 904,2 bilhões, um crescimento de 9,7% em relação ao mesmo mês de 2024.
Os custos chegaram a R$ 802,8 bilhões, enquanto os lucros saltaram para R$ 40,1 bilhões — alta expressiva de 39,2% na comparação anual.
A margem de lucro de novembro, de 4,4%, também superou os 3,9% registrados em outubro e os 3,3% de novembro do ano passado.
Na produção, o setor acumula 31,09 milhões de veículos fabricados entre janeiro e novembro, um aumento de 11% em relação a 2024.
Os veículos elétricos puxaram esse crescimento, com 14,53 milhões de unidades — alta de 27% — e uma participação de 47% na produção total.
Já os carros a gasolina estagnaram, com 16,57 milhões de unidades, praticamente o mesmo número do ano anterior.
Apesar do avanço dos elétricos, eles não têm sido garantia de rentabilidade.
Com margens baixas e pressão por volume, muitos modelos são vendidos com prejuízo, numa tentativa de manter participação de mercado em meio a uma avalanche de lançamentos e descontos.
O dilema chinês se agrava: produzir mais está se tornando uma armadilha, se a conta final continua no vermelho.
A indústria automotiva do país mostra sinais claros de que precisa ir além da escala e buscar soluções estruturais para preservar seus lucros.
Caso contrário, o crescimento pode continuar — mas acompanhado de lucros cada vez menores.
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