Se você é daqueles apaixonados por carros e está sempre atento aos lançamentos, já deve ter percebido que 2025 começou num ritmo morno.
E não é impressão: segundo um novo relatório divulgado pelo Bank of America Securities, o setor automotivo passa por uma desaceleração significativa no volume de novos modelos que chegarão às ruas nos próximos anos.
O estudo projeta uma queda de quase 25% nos lançamentos até 2029 — o pior índice em décadas.
O tradicional relatório Car Wars, elaborado anualmente pelo analista John Murphy, aponta que apenas 29 modelos inéditos devem ser lançados neste ano — número que representa o pior desempenho da indústria em tempos recentes.
A causa principal seria a frustração em torno da adoção dos carros elétricos, que, até pouco tempo atrás, estavam no centro das estratégias de quase todas as montadoras.
“A falsa largada dos elétricos causou um verdadeiro caos nos planejamentos de produto”, disse Murphy. “Estamos prestes a entrar no período mais incerto e volátil em termos de estratégia de produto que a indústria já viu.”
Muitos dos modelos que estavam previstos para os próximos quatro anos eram elétricos.
No entanto, com a demanda estagnada e os altos custos de produção, diversos projetos foram cancelados, adiados ou simplesmente engavetados. A previsão é que apenas 71 novos EVs sejam lançados nesse intervalo — metade do que era estimado dois anos atrás.
Murphy é cético quanto à continuidade do crescimento de mercado para os carros elétricos nos Estados Unidos. Segundo ele, a participação de 8,1% nas vendas de veículos leves em 2024 pode ter sido o pico.
“Talvez esse número represente o ponto máximo da curva de adoção dos EVs no país”, afirma.
Com a mudança de cenário, até mesmo os crossovers — antes campeões de lançamento — começam a perder espaço no pipeline das montadoras.
Pela primeira vez em quase 20 anos, esses modelos estão sub-representados nas estreias previstas. O foco, agora, volta-se para picapes grandes e SUVs de alto valor agregado, que seguem como os produtos mais rentáveis da indústria.
Apesar do cenário conservador, Murphy acredita que os próximos anos ainda poderão ser lucrativos para as montadoras.
“Mesmo com menos lançamentos, os produtos que geram maior margem de lucro continuarão em destaque. Isso deve garantir bons resultados financeiros, especialmente para marcas como as do grupo D3 (Ford, GM e Stellantis).”
A queda de braço entre inovação e rentabilidade está longe de acabar.
Com o futuro dos elétricos sob revisão e os consumidores menos dispostos a arriscar em novas tecnologias, a indústria pode estar entrando em uma nova fase — menos ousada, porém financeiramente mais segura.
Resta saber por quanto tempo esse equilíbrio conseguirá se manter.
Quer receber todas as nossas notícias em tempo real?
Acesse nossos exclusivos: Canal do Whatsapp e Canal do Telegram!