
Test drives em concessionárias são essenciais para que compradores em potencial sintam o carro antes de fechar negócio.
Porém, nem todo mundo que aparece fingindo interesse em comprar está realmente interessado em levar o carro para casa. Alguns, na verdade, estão apenas em busca de fama nas redes sociais.
Um desses casos é o de Ahmer Saeed, que vem chamando atenção no Instagram por divulgar vídeos em que uma pessoa dirige de forma irresponsável durante test drives.
Nas gravações, o condutor frequentemente coloca os vendedores em situações desconfortáveis e até perigosas, sem demonstrar qualquer respeito pelos veículos que testa.
O responsável pelos vídeos, que nunca mostra o rosto, costuma visitar concessionárias no Texas se passando por um cliente legítimo.
Ele participa de conversas sobre financiamento e, após conquistar a confiança dos vendedores, pega as chaves e sai para dirigir.

Essa abordagem tem lhe permitido pilotar modelos de alto desempenho e valor elevado de marcas como Chevrolet, Dodge, Mercedes-AMG, Audi, Porsche, Ferrari e Lamborghini.
Em todos os casos, o test drive é acompanhado por um vendedor, que, em tese, espera uma experiência tranquila. Em vez disso, eles acabam vivendo uma montanha-russa de manobras perigosas e velocidade excessiva.
Nos vídeos, o condutor realiza arrancadas agressivas, derrapagens e acelerações em alta velocidade, frequentemente com uma mão no volante e a outra filmando tudo com o celular.
Para piorar, as legendas dos vídeos geralmente contêm ofensas racistas e comentários depreciativos sobre os vendedores, que ficam visivelmente atônitos com a conduta do motorista.
Em entrevista à CBS Texas, um vendedor relatou que Saeed dirigiu um Audi R8 por mais de duas horas e meia, alcançando 258 km/h em uma rodovia, deixando o funcionário em estado de pânico.
Apesar da imprudência, nenhum acidente foi registrado até agora. No entanto, a condução abusiva e os giros prolongados do motor provavelmente causaram danos aos veículos, que podem ter sido repassados a futuras vítimas: os compradores.
Mesmo com toda essa exposição negativa, poucas concessionárias demonstraram iniciativa para responsabilizar Saeed.
A reportagem da emissora conversou com pelo menos uma dúzia delas, e apenas duas afirmaram ter acionado a polícia — nenhuma, contudo, chegou a registrar uma queixa formal. A maioria preferiu tratar o caso como um simples problema com um cliente mal-intencionado.
O cenário ficou tão grave que a Associação dos Concessionários do Texas emitiu um alerta sobre Saeed no ano passado. Mesmo assim, os vídeos continuam sendo publicados no Instagram, sempre com a identidade do condutor preservada.
Saeed não respondeu aos pedidos de entrevista, mas publicou um vídeo comentando a polêmica. Nele, não assume ser o motorista, apenas diz que “os carros continuam funcionando bem, dirigem normalmente, então não há dano comprovável”.
O caso evidencia uma falha preocupante: enquanto o conteúdo rende curtidas e visualizações, falta responsabilidade e ação tanto por parte das concessionárias quanto das autoridades.
E, se nada for feito, é questão de tempo até que alguém realmente se machuque.

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