
Enquanto as vendas despencavam, os lucros evaporavam e as ações derretiam no mercado, o então CEO da Stellantis, Carlos Tavares, foi recompensado com um “presentinho” de €23,1 milhões — algo em torno de R$ 150 milhões na cotação atual.
Para muitos investidores, essa bolada soa como um tapa na cara, especialmente considerando que o próprio executivo foi dispensado ao final do ano.
O valor aprovado inclui salário-base, bônus por metas e, pasmem, uma indenização generosa pela sua saída em dezembro de 2024.
Tudo isso aprovado por 67% dos acionistas na última assembleia, mesmo após uma tentativa barulhenta de barrar o pagamento, liderada por Charles Pinel, CEO da Proxinvest.
“Não é aceitável pagar uma indenização a um gestor que levou a empresa ao fracasso”, disse Pinel, que tentou sensibilizar os demais investidores antes da votação.
De fato, 2024 foi um desastre para a Stellantis. O lucro da companhia caiu pela metade no primeiro semestre e despencou 70% até o fim do ano, encerrando em €5,5 bilhões.
As vendas seguiram o mesmo rumo, com retração de 20% só no primeiro trimestre de 2025.
A tempestade foi agravada pela guerra tarifária iniciada por Donald Trump, que atingiu em cheio o modelo de produção da empresa — com fábricas espalhadas entre México, Europa e EUA, muitos dos componentes cruzam fronteiras várias vezes antes de virar um carro à venda.
A má fase custou o cargo de Tavares, mas não o bônus.
E, curiosamente, mesmo com a crise instalada, a Stellantis ainda não anunciou seu substituto — promessa que, segundo o presidente do conselho John Elkann, deve ser cumprida neste segundo trimestre.
Entre as polêmicas da gestão Tavares que irritaram acionistas e fãs da marca, está o fim dos motores V8 HEMI, ícones da Dodge. A medida provocou revolta e afetou diretamente a imagem da marca americana.
Agora, com a troca de comando, rumores apontam que a Dodge está reavaliando o novo Charger — originalmente planejado apenas com motor elétrico ou seis cilindros Hurricane — para, quem sabe, ressuscitar o lendário V8.
Enquanto isso, a imagem do ex-CEO segue manchada por um contracheque robusto em meio a um cenário desolador. Para os investidores que votaram contra o pagamento, a sensação é de que o “prêmio de consolação” virou um prêmio pela catástrofe.

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