As startups de carros elétricos costumam viver no fio da navalha, oscilando entre o sucesso e a incerteza.
Mas a Zeekr, marca pertencente ao conglomerado chinês Geely, está chamando atenção por outro motivo: menos de um ano após abrir seu capital nos Estados Unidos, a empresa pode ser retirada da bolsa em uma manobra polêmica — e nada bem recebida por seus investidores.
A Geely, que já controla 65,7% da Zeekr, quer recomprar os 34,3% restantes por cerca de US$ 2,2 bilhões.
Na prática, isso avaliaria a montadora elétrica em aproximadamente US$ 6,5 bilhões — um valor considerado muito abaixo do real potencial da empresa.
Em 2023, uma rodada de investimentos liderada por nomes como CATL, Intel Capital e Boyu Capital chegou a avaliar a Zeekr em US$ 13 bilhões.
A proposta atual, portanto, representa praticamente um “desconto de liquidação”, o que levou os investidores a protestarem publicamente.
Esses cinco grandes acionistas encaminharam uma carta formal à Geely, criticando duramente a tentativa de recompra e exigindo que o comitê especial da Zeekr revise minuciosamente a proposta.
Eles também pedem que nenhuma decisão seja tomada sem o aval da maioria dos acionistas minoritários independentes.
O problema é que, com a fatia majoritária que já detém, a Geely pode ter poder suficiente para levar adiante a transação sem consultar os demais.
E isso não está pegando bem no mercado.
A movimentação já gerou críticas de que a Geely estaria usando sua posição dominante para “enganar” investidores estratégicos e recomprar uma empresa promissora por um valor artificialmente reduzido.
A Zeekr é considerada uma das joias da coroa dentro do império automotivo da Geely. Mesmo assim, o mercado de veículos elétricos segue volátil, e o IPO da marca nos EUA em 2023 já havia frustrado expectativas ao estrear com avaliação de apenas US$ 5,5 bilhões.
Agora, com as ações da Zeekr ultrapassando os US$ 26 após a divulgação do plano de recompra, investidores temem que a empresa esteja sendo subvalorizada propositalmente.
Para muitos, a tentativa da Geely não é apenas uma questão de estratégia corporativa, mas uma afronta à confiança dos parceiros de longa data — e um alerta vermelho sobre como empresas chinesas lidam com transparência e governança no exterior.
Quer receber todas as nossas notícias em tempo real?
Acesse nossos exclusivos: Canal do Whatsapp e Canal do Telegram!