
Os Estados Unidos podem estar entregando a liderança da próxima revolução automotiva nas mãos da China.
Desde o retorno de Donald Trump à Casa Branca, a estratégia americana para veículos elétricos foi drasticamente alterada, com o fim dos subsídios federais, revisão das regras de emissões e abandono de incentivos que vinham impulsionando investimentos bilionários no setor.
Segundo dados do US Clean Investment Monitor, os investimentos relacionados a EVs caíram quase um terço no terceiro trimestre de 2025, totalizando US$ 8,1 bilhões — contra mais de US$ 12 bilhões no mesmo período do ano anterior.
Além disso, cerca de US$ 7 bilhões em projetos foram simplesmente cancelados entre abril e setembro.
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A guinada preocupa não só especialistas em energia limpa, mas também executivos do setor automotivo.
Håkan Samuelsson, CEO da Volvo Cars, alertou: “Assim que você enfraquece esses sinais, tudo desacelera”, referindo-se ao impacto imediato que o recuo político dos EUA causa na inovação.
Na prática, a decisão de Trump fortalece a posição da China, onde montadoras como BYD e Geely continuam expandindo agressivamente com apoio estatal e foco total em EVs.
Na Europa, a mudança americana já levanta dúvidas sobre a proibição dos motores a combustão a partir de 2035, com montadoras pressionando por exceções para híbridos plug-in.

Trump, por sua vez, classificou os carros elétricos como uma ameaça à indústria automobilística americana, afirmando que eles provocariam o “aniquilamento completo” do setor.
O efeito colateral dessa política já aparece nas projeções. A consultoria AlixPartners revisou para baixo as estimativas de vendas de EVs nos EUA: apenas 7% das vendas em 2026 serão de modelos 100% elétricos — número quase metade da previsão anterior.
Até 2030, espera-se que os EVs representem apenas 18% das vendas no país, contra 40% na Europa e 51% na China.
Apesar do alerta de longo prazo, a decisão agrada algumas montadoras no curto prazo. A Ford, por exemplo, registrou perdas de US$ 3,6 bilhões com sua divisão de elétricos, enquanto obteve lucro de US$ 2,3 bilhões com carros a combustão e híbridos.

O CEO Jim Farley comemorou o “renascimento” dos motores a gasolina, descrevendo-o como “uma oportunidade de bilhões de dólares”.
Já a Stellantis anunciou investimento recorde de US$ 13 bilhões nos EUA para ampliar a produção de modelos térmicos e híbridos, em clara resposta ao novo ambiente regulatório.
Analistas, no entanto, alertam para os riscos dessa mudança. Mark Wakefield, da AlixPartners, destacou que o retorno ao motor a combustão pode ser “uma boa notícia no curto prazo”, mas compromete a competitividade a médio e longo prazo.
“O risco é que as montadoras tradicionais fiquem para trás frente aos chineses, que estão avançando em escala, preço e tecnologia de baterias”, afirmou.
Com o recuo dos EUA, o futuro da mobilidade elétrica global pode, cada vez mais, ter sotaque mandarim.
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