A Ford está novamente no centro de uma batalha judicial envolvendo um trágico acidente com uma de suas caminhonetes Super Duty.
A fabricante tenta reverter um veredicto de US$ 2,5 bilhões, valor que foi determinado em 2023 como indenização à família de Debra e Herman Mills, mortos em um capotamento com uma F-250, em 2022.
Agora, a montadora afirma ter descoberto uma nova evidência que poderia justificar um novo julgamento.
Na ação, os advogados da família Mills alegaram que os danos poderiam ter sido evitados se o teto da caminhonete fosse mais resistente.
O júri concordou, resultando em uma das maiores condenações já impostas contra a Ford. Mas a empresa contesta o processo e afirma que o julgamento foi comprometido por má conduta do júri.
Segundo a montadora, alguns jurados discutiram um caso anterior — o do casal Hill — apesar de o juiz ter proibido esse tema durante o julgamento.
Naquele processo, que também envolvia capotamento e teto colapsado, a Ford havia conseguido reverter uma indenização de US$ 1,7 bilhão em instância superior.
A nova reviravolta envolve gravações que, segundo a montadora, comprovam que os jurados desrespeitaram a orientação judicial ao falar sobre esse precedente.
Do outro lado, os advogados da família Mills criticam duramente a estratégia da Ford. Alegam que essas gravações foram apresentadas tarde demais, depois do prazo legal para solicitar novo julgamento, e que o conteúdo é irrelevante, pois se trata apenas de “ouvir dizer”, sem valor jurídico.
“Uma vez que esse sino é tocado, não há como desfazer o som”, afirmaram os representantes da família, alertando para o precedente perigoso de aceitar esse tipo de material como evidência.
Essa não é a única vez que a Ford é acusada de falhas estruturais em seus veículos da linha F-Series. Desde 2014, a empresa responde a diversas ações por colapsos de teto em situações de capotamento.
Em março deste ano, uma nova ação foi movida após Steven Horn morrer quando sua F-350 e trailer foram virados por uma rajada de vento. A esposa e a filha conseguiram escapar, mas o teto desabou sobre Horn.
O histórico recente mostra um padrão preocupante. Além do caso Mills e do caso Horn, há o já citado processo do casal Hill. Nele, a Ford tentou responsabilizar a vítima por ter instalado pneus inadequados e por supostamente não estar usando o cinto de segurança corretamente.
A Corte de Apelações da Geórgia acabou anulando o veredicto e determinando novo julgamento.
A nova tentativa da Ford de escapar de outra condenação bilionária reacende o debate sobre responsabilidade de fabricantes e integridade dos processos judiciais.
A decisão sobre aceitar ou não as gravações pode ter implicações profundas para o desfecho do caso Mills — e para todos os próximos processos envolvendo a montadora.
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