Mesmo com o futuro automotivo cada vez mais elétrico, algumas marcas continuam lutando para manter os motores a combustão vivos — e a Lamborghini está entre elas.
A fabricante italiana, que pertence ao Grupo Volkswagen, está apostando em combustíveis sintéticos como uma solução para preservar o desempenho e a emoção característicos de seus superesportivos, mesmo em tempos de descarbonização.
Os chamados eFuels, ou combustíveis sintéticos, são criados a partir da captura de carbono do ambiente e da combinação com hidrogênio extraído da água.
O resultado é um combustível que se comporta como gasolina convencional, mas com potencial de neutralidade de carbono, já que o CO₂ emitido na queima é o mesmo que foi retirado da atmosfera no processo de fabricação.
Rouven Mohr, diretor de tecnologia da Lamborghini, falou sobre o tema em entrevista ao site australiano CarExpert.
Embora a marca esteja desenvolvendo um carro elétrico, ele reconhece que os EVs ainda não conseguem proporcionar a mesma resposta emocional dos motores a combustão. Segundo Mohr, os eFuels “podem ser os salvadores do motor a combustão”.
Essa aposta não é isolada. A Porsche, também do Grupo VW, já investe pesado nesse caminho.
A marca alemã inaugurou uma planta piloto no Chile para produzir o combustível sintético, que já está sendo utilizado em competições monomarca da Porsche e em eventos nos centros de experiência da marca.
Toda a energia usada no processo vem de fontes renováveis, como eólica, o que garante a proposta de neutralidade de carbono.
No entanto, há desafios. A produção dos eFuels demanda bastante energia — e, se ela vier de fontes fósseis, a solução perde sentido ambiental. Além disso, do ponto de vista de eficiência energética, usar eletricidade diretamente em veículos elétricos é mais vantajoso do que convertê-la em combustível.
Por isso, muitos especialistas acreditam que os combustíveis sintéticos fazem mais sentido em nichos específicos: carros clássicos, veículos de colecionadores e superesportivos de produção limitada. Um território onde a Lamborghini se encaixa perfeitamente.
Enquanto isso, outras montadoras seguem apostando em soluções diferentes. A Toyota, por exemplo, vê no hidrogênio uma alternativa promissora.
A empresa investe tanto em células a combustível quanto em motores a combustão adaptados para queimar hidrogênio, incluindo carros de corrida e até um projeto para Le Mans.
A tecnologia ainda enfrenta dificuldades, como o armazenamento do gás e a necessidade de infraestrutura, mas elimina a etapa de captura de carbono dos eFuels, o que a torna energeticamente mais direta.
No fim das contas, nenhuma dessas soluções é perfeita, mas elas representam caminhos possíveis para manter viva a emoção e a performance dos motores a combustão em um mundo cada vez mais regulado por metas ambientais.
E, para marcas como a Lamborghini, manter esse legado aceso não é só uma questão técnica — é uma questão de identidade.
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