Em um momento em que quase todas as marcas de luxo estão correndo para eletrificar suas frotas e mostrar comprometimento com um futuro “verde”, a Lamborghini decidiu remar contra a corrente.
A icônica marca italiana declarou que vai manter os motores a combustão pelo maior tempo possível — mesmo com toda a pressão do mercado, da legislação e das tendências tecnológicas globais.
“Queremos continuar com motores a combustão enquanto for possível,” afirmou Rouven Mohr, diretor técnico da Lamborghini, durante uma apresentação técnica do novo supercarro híbrido da marca, o Lamborghini Temerario.
A fala é mais do que uma provocação: é um manifesto emocional. Para a Lamborghini, mais do que desempenho em pista ou tradição esportiva, o foco está na emoção visceral que só o som, o cheiro e a brutalidade de um motor a combustão conseguem oferecer.
Mohr não disfarça a filosofia da marca: “Enquanto outros se preocupam em ser os mais rápidos em Nürburgring, nós queremos ser o ápice da emoção. E isso, para nós, ainda passa por manter a combustão viva.”
A Lamborghini já entrou no universo dos híbridos. O primeiro passo foi o Revuelto, que combina um motor V12 de 6.5 litros com três motores elétricos, entregando um total de 1.001 cv.
Agora, o substituto do Huracán chega com uma abordagem semelhante: o novo Temerario será equipado com um V8 biturbo de 4.0 litros que alcança 10.000 rpm, gerando 789 cv sozinho.
Com ajuda dos motores elétricos, a potência total sobe para 907 cv e tração integral.
Mas se engana quem pensa que a Lamborghini está ignorando totalmente o futuro elétrico. A marca planeja sim um modelo 100% elétrico — o aguardado Lanzador — mas esse não deve chegar antes de 2030.
O crossover de duas portas promete até 2.000 cv e será baseado em uma plataforma compartilhada com Porsche, com participação da Rimac, responsável pela Bugatti hoje, além de outras marcas do grupo Volkswagen, como Audi e Bentley.
Enquanto a Ferrari planeja lançar seu SUV elétrico já em outubro de 2025, a Lamborghini prefere dar passos mais lentos e calculados. A prioridade, segundo Mohr, é garantir que o DNA emocional da marca não se perca no processo.
E a verdade é que a Lamborghini não está com pressa. A marca registrou seu melhor ano de vendas em 2024, com mais de 10 mil carros entregues.
O sucesso comercial mostra que há um público fiel — e provavelmente crescente — que ainda prefere potência bruta, ronco alto e a sensação de estar domando uma fera mecânica, em vez de dirigir silenciosamente um supercarro elétrico.
No fim das contas, a Lamborghini parece ter feito uma escolha clara: enquanto a emoção for prioridade, o fogo da combustão interna continuará aceso em Sant’Agata Bolognese.
Mesmo que, para isso, a marca precise lutar até o último pistão.
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