
O mercado de picapes é um território difícil para marcas que não têm tradição no segmento, e a Kia está aprendendo isso da pior forma possível com o lançamento da Tasman na Austrália.
Lançada com a missão de enfrentar pesos pesados como Toyota Hilux e Ford Ranger, a nova picape da marca sul-coreana está longe de alcançar o desempenho esperado.
Desde julho, a Kia vendeu apenas 3.700 unidades da Tasman em solo australiano, número muito abaixo da meta inicial de 20 mil veículos.
Com isso, a participação da picape no segmento ficou abaixo de 2%, um índice preocupante para um modelo que chega com proposta ambiciosa.
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Segundo Dennis Piccoli, diretor de operações da Kia Austrália, os modelos mais caros da linha, como a versão X-Pro, têm tido melhor aceitação.
O problema está nas versões de entrada, voltadas a frotistas e compradores que priorizam preço — justamente onde rivais dominam.
Piccoli admitiu que a Kia não conseguiu oferecer o mix certo de versões para atender esse público, e está trabalhando para corrigir essa falha.
Mesmo diante do desempenho decepcionante, a Kia ainda estuda expandir a linha da Tasman com uma possível variante SUV sobre chassi, caso a situação melhore.

Por enquanto, a marca já descartou completamente a possibilidade de levar a Tasman para os Estados Unidos.
A razão principal é a chamada “Chicken Tax”, uma tarifa de 25% sobre picapes importadas em vigor desde 1964, o que inviabiliza financeiramente a importação do modelo sul-coreano.
Para escapar do imposto, seria necessário fabricar o veículo na América do Norte, além de adaptar o modelo às normas de segurança e emissões dos EUA — um investimento alto para um projeto que ainda não se pagou nem na Austrália.
Apesar disso, a Kia segue interessada no mercado americano de picapes e tem planos para lançar um modelo inédito, totalmente elétrico, fabricado localmente.

Durante o Investor Day de 2025, a montadora revelou sua meta de vender até 90 mil unidades por ano desse futuro modelo.
No entanto, esses planos já enfrentam obstáculos antes mesmo de sair do papel.
A Kia vem oferecendo incentivos agressivos para desovar seus EVs nos Estados Unidos e adiou indefinidamente o lançamento do EV4 no país por causa de tarifas.
Executivos da marca indicam que a estratégia pode mudar, dependendo do cenário político e da aceitação do público americano.
Caso a picape elétrica seja engavetada, uma alternativa seria desenvolver uma versão híbrida ou a combustão sobre a nova plataforma body-on-frame da Hyundai.
Essa base está programada para dar origem a um novo utilitário até o fim da década, possivelmente com tecnologia de autonomia estendida.
Para a Kia, o fracasso da Tasman na Austrália serve como alerta: entrar no mundo das picapes exige muito mais que um bom projeto — é preciso entender o público, oferecer versões certas e estar disposto a ajustar a rota rapidamente.
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