A experiência de ter um carro elétrico de luxo da Lucid tem sido frustrante para muitos clientes nos Estados Unidos — especialmente na hora de devolver o veículo ao fim do contrato de leasing.
Vários donos do sedã Air estão relatando nas redes e fóruns especializados que a empresa tem cobrado valores abusivos por desgastes mínimos, que nem mesmo estariam fora das regras de uso normal definidas pela própria montadora.
Em um dos casos mais divulgados no fórum Lucid Owners, um cliente afirma ter recebido uma cobrança de US$ 1.825 após devolver seu Lucid Air.
Deste total, US$ 1.450 foram referentes ao para-brisa, por causa de três pequenas lascas que, segundo ele, sequer justificariam reparo. O mais curioso: ele possuía cobertura de seguro completa para vidros, mas não teve a chance de usar o benefício.
Outro usuário contou que foi cobrado em US$ 5.800 semanas após devolver o carro, sem nem saber de início o motivo da multa.
Quando finalmente recebeu a explicação, se deparou com cobranças como US$ 585 por uma minúscula marca de sujeira na pintura e US$ 1.200 por uma peça plástica interna faltando no para-lama.
De acordo com as diretrizes publicadas pela própria Lucid, esses danos nem deveriam ser tarifados.
A empresa afirma que arranhões só são cobrados se forem maiores que um cartão de crédito e que danos nas rodas precisam ultrapassar 3,5 polegadas — bem diferente do caso relatado por outro cliente, que recebeu multa de US$ 200 por uma marca de 1,5 polegada.
A confusão é agravada pelo envolvimento de várias partes: a inspeção é feita por uma empresa terceirizada, a AutoVIN, e o leasing é administrado pelo Lucid Financial Services, que na prática é uma extensão do Bank of America.
Com isso, muitos clientes têm relatado dificuldade para resolver os problemas, sendo empurrados de um atendimento para outro sem resposta clara.
Apesar das críticas, a Lucid afirmou em comunicado que está ciente das inconsistências e que está colaborando com seus parceiros financeiros para resolver as disputas.
Ainda assim, não explicou como pretende corrigir o sistema ou alinhar os critérios de cobrança com as diretrizes divulgadas ao público.
Em meio à insatisfação, ao menos um cliente teve uma cobrança de US$ 200 cancelada após enviar e-mails diretamente para executivos da marca. Mesmo assim, ele disse que não pretende renovar o contrato com a montadora.
Para ele, o que deveria ser um gesto de correção acabou sendo tratado como favor da empresa.
A situação expõe um problema recorrente no segmento de carros de luxo por leasing: a discrepância entre o que a marca promete e o que efetivamente entrega no pós-venda.
No caso da Lucid, o brilho do carro elétrico high-tech pode estar sendo ofuscado por práticas que beiram o abuso.
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