
O mercado de veículos elétricos da China viveu um forte rali em 2025, impulsionado pelo apetite global por risco e pela confiança renovada nos ativos chineses.
Mas as recentes divulgações de lucros frustraram as expectativas e acenderam alertas sobre o que vem pela frente para as montadoras do país.
A XPeng, por exemplo, chegou a acumular alta de mais de 130% no ano, mas perdeu 10% em um único dia após reportar prejuízos contínuos e projeções de vendas abaixo do esperado.
A Leapmotor também decepcionou: mesmo com vendas quase dobrando, o lucro ficou em menos de 65% do estimado por analistas, o que derrubou suas ações ao menor nível desde abril.
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Outras fabricantes, como Nio e Li Auto, divulgaram previsões modestas para o último trimestre, tanto em receita quanto em entregas de veículos, segundo a Bloomberg, indicando que a demanda pode estar esfriando justamente na reta final do ano.

Esse período é considerado crítico, já que os incentivos fiscais para compras de EVs estão sendo retirados gradualmente a partir de 2026.
A expectativa era que isso gerasse um pico nas entregas no fim de 2025, mas esse movimento não se confirmou com força suficiente.
Para 2026, a perspectiva é ainda mais desafiadora.
Segundo estimativas da Bloomberg Intelligence, o crescimento dos veículos de nova energia (NEVs) na China deve cair para 13%, menos da metade dos 27% registrados este ano.
Com o fim das isenções de impostos, algumas montadoras estão oferecendo descontos diretos, como a Geely, que lançou um bônus de até 15 mil yuans (cerca de R$ 10.500).

Li Auto e Xiaomi seguiram o mesmo caminho, tentando segurar o ritmo de vendas com incentivos próprios.
Mas essas promoções, somadas à alta nos custos de baterias, pressionam fortemente as margens de lucro.
Analistas alertam que mesmo com o fim das “guerras de preço” incentivado por campanhas do governo contra a chamada “involução” do setor, a rentabilidade continuará ameaçada.
A tendência de mercado também aponta para uma migração dos consumidores, que estão trocando modelos médios e premium por veículos mais acessíveis.
Nesse cenário, marcas como BYD, Geely e Leapmotor, que atuam no segmento de entrada, podem estar melhor posicionadas para enfrentar a desaceleração em 2026.
Muitas dessas empresas apostam em expandir suas operações fora da China, onde podem vender com preços mais altos.
A BYD, por exemplo, mais do que dobrou suas vendas internacionais no terceiro trimestre, com destaque para Europa e América Latina.
A Geely prevê um salto de até 80% nas exportações no próximo ano.
Outras companhias estão mirando áreas além dos veículos.
A XPeng anunciou planos para iniciar a produção em massa de robôs humanoides até o fim de 2026.
Já a Li Auto pretende transformar seus carros em plataformas móveis de inteligência artificial, como “robôs com rodas”.
Essas apostas de longo prazo, no entanto, ainda não têm impacto direto nas receitas ou lucros atuais.
Enquanto isso, o setor enfrenta um cenário turvo, com analistas apontando incertezas regulatórias e retração na demanda interna.
Segundo o UBS, os investidores devem manter cautela, especialmente com as empresas que mais se valorizaram durante os ciclos de estímulo.
A euforia do início do ano deu lugar à preocupação: o futuro imediato dos EVs chineses parece muito menos eletrizante.
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