
Se fosse um Honda Civic, ninguém pensaria duas vezes antes de riscar esse carro da lista.
Seis donos, quase todos os painéis substituídos, interior depenado e até uma assinatura de Michael Schumacher coberta com tinta branca.
Mas estamos falando de uma McLaren F1 — e, por algum motivo, tudo isso apenas adicionou valor.
Na última semana, o chassi número 14 do icônico supercarro britânico foi arrematado por US$ 25,3 milhões (cerca de R$ 133 milhões) no leilão da RM Sotheby’s em Abu Dhabi, durante o fim de semana da última etapa da Fórmula 1.
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O valor é o maior já pago por uma unidade do modelo, superando até a F1 com apenas 242 milhas vendida por US$ 20 milhões em 2021.
O exemplar em questão foi o 14º dos 64 modelos de rua produzidos pela McLaren entre 1992 e 1998.
Saiu de fábrica em um chamativo amarelo Titanium Yellow, com interior de couro preto e Alcantara.
O primeiro dono? A lendária e excêntrica família real de Brunei.
Ao contrário de muitos carros do acervo do sultanato — que simplesmente apodreceram parados — essa F1 escapou do abandono e acabou voltando ao Reino Unido, onde foi comprada por um ex-diretor da própria McLaren.

Depois, passou por diversos donos nos Estados Unidos, indo de Nova York à Califórnia, até cair nas mãos de um entusiasta mais ousado.
Em 2006, com pouco mais de 3 mil milhas no hodômetro, a F1 voltou a Woking, berço da McLaren, para um serviço completo — e radical.
Foi instalada uma série de componentes da versão de corrida LM: kit aerodinâmico com spoiler traseiro, para-choque dianteiro de estilo GTR, saídas de ar no capô e até bancos de competição com interior em fibra de carbono exposta.
Para completar a transformação, a pintura original foi substituída por um tom de branco Ibis.

Foi nessa repintura que se perdeu uma das relíquias do carro: a assinatura de Michael Schumacher na soleira da porta, feita em 1996.
O serviço completo custou mais de US$ 500 mil.
Diferente dos donos anteriores, que tratavam a F1 como peça de museu, esse novo proprietário resolveu usar o carro.
Rodou mais de 9.000 milhas com ele, até que, em 2018, o V12 BMW precisou passar por uma manutenção completa, com revisão que custou mais US$ 50 mil.
Nos anos seguintes, a F1 foi parar na Dinamarca, onde seu dono final acrescentou mais algumas centenas de milhas até colocá-la à venda.

Com 13.711 milhas no odômetro (quase 22 mil km), histórico de modificações e seis proprietários diferentes, era o tipo de carro que — no papel — perderia valor.
Mas com um passado tão peculiar e upgrades oficiais da própria McLaren, a F1 número 14 ganhou status de raridade exclusiva.
E o mercado respondeu: os lances foram altos, mesmo sem pressa por parte do leiloeiro.
Para efeito de comparação, o supercarro mais recente de Gordon Murray, o GMA T.50 LM — herdeiro espiritual da F1 — foi vendido no mesmo leilão por “apenas” US$ 20,6 milhões.
No fim das contas, o que parecia um Frankenstein automotivo virou peça de colecionador.
E a McLaren F1, mesmo 30 anos depois, segue como um dos carros mais desejados — e valiosos — do planeta.
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