Se você já se perguntou como os Estados Unidos se encheram de carros de luxo nos últimos anos, a resposta está em uma tendência que só tende a se intensificar: o segmento de veículos acima de US$ 100.000 está prestes a dobrar até 2035.
Um novo estudo da Boston Consulting Group (BCG), em parceria com a duPont Registry Group, aponta que o mercado de carros de luxo e exóticos, hoje avaliado em US$ 110 bilhões (cerca de R$ 570 bilhões), pode alcançar entre US$ 180 bilhões e US$ 215 bilhões na próxima década.
O maior crescimento virá de modelos novos e seminovos na faixa entre US$ 100 mil e US$ 170 mil, com previsão de aumento anual entre 6% e 8%.
Modelos ainda mais caros — acima de US$ 170 mil — também devem crescer, mas em ritmo menor, talvez por um motivo simples: até os super-ricos têm limite de garagem.
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O grande destaque, porém, está no mercado de usados. Carros de luxo com pouco tempo de uso estão sendo cada vez mais procurados, impulsionando uma expansão de até 1,5 vez mais rápida que a dos modelos novos.
Com valores de revenda fortes e envelhecimento muito mais lento que os veículos comuns, os exóticos seminovos tornaram-se uma alternativa desejável — e mais acessível — para quem quer luxo sem pagar o valor de tabela.
O estudo destaca que esses carros mantêm o apelo por anos, trocando de mãos com frequência mesmo entre donos que não pretendiam vendê-los tão cedo.
Outro fator que sustenta essa explosão de vendas é o perfil dos novos compradores: millennials e a geração Z são os motores do crescimento.
Esses consumidores são menos leais às marcas tradicionais, fazem buscas online com frequência diária e estão mais abertos à compra 100% digital, algo que entusiasma — e preocupa — as concessionárias.
Cerca de 80% dos compradores de luxo afirmam que pesquisam carros online regularmente, mesmo sem intenção imediata de compra.
Três em cada quatro estariam dispostos a finalizar a compra pela internet, sem jamais pisar em uma loja.
Apesar de fatores macroeconômicos como inflação e juros em alta, o segmento de alto padrão se mostra surpreendentemente resiliente.
A transição para EVs também não parece frear o setor — pelo contrário, os jovens demonstram mais interesse em carros elétricos de luxo do que os mais velhos.
O fator emocional segue como motivador central: aproximadamente 1 em cada 3 compradores escolhe seu carro por identificação com o design ou a marca.
E experiências exclusivas, como eventos organizados pelas marcas e programas de direção em pista, aumentam significativamente a satisfação com o veículo.
Mais de 90% dos donos afirmam que essas iniciativas valorizam a experiência de posse tanto quanto o carro em si.
Enquanto isso, apenas 7% dos carros vendidos atualmente nos EUA custam menos de US$ 30.000 — um valor que até pouco tempo era considerado padrão.
Para a maioria dos consumidores, gastar seis dígitos em um carro ainda é um sonho distante.
Mas se o ritmo atual continuar, as estradas americanas estarão repletas de supercarros — e talvez, com sorte, um dia alguns deles cheguem ao mercado de usados com um preço mais acessível para o restante da população.
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