
Por décadas, falar de Mercedes-Benz era falar de luxo, status e exclusividade. No entanto, a marca alemã vive um momento de transformação profunda, e seu posicionamento histórico está sendo colocado em xeque.
Pressionada por lucros em queda e consumidores cada vez mais pragmáticos, a montadora começa a se afastar do rótulo que a consagrou no mercado.
De acordo com fontes internas, o termo “luxo” vem sendo gradualmente banido da estratégia oficial, a ponto de alguns funcionários já se referirem a ele como a “palavra proibida”.
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A ideia agora é construir uma imagem mais ampla e inclusiva, capaz de atrair públicos fora do nicho elitizado que Mercedes cultivou por décadas.

O CEO Ola Källenius insiste que a meta continua sendo oferecer os “produtos mais desejados” em cada segmento, mas reconhece que o cenário econômico mudou.
Com fábricas operando abaixo da capacidade, representantes dos trabalhadores defendem que produzir menos de dois milhões de veículos por ano é insustentável. Esse choque entre exclusividade e necessidade de volume está moldando a nova direção da marca.
Parte do problema foi o foco exagerado em modelos ultracaros da linha Maybach e AMG, que custam bem acima dos 100 mil euros.
Eles reforçam a imagem de excelência técnica, mas não têm força para manter margens saudáveis em toda a operação.

O resultado apareceu nos balanços: no primeiro semestre deste ano, os lucros da divisão automotiva despencaram mais da metade, reduzindo sua margem para apenas 5,3%, bem abaixo dos patamares históricos próximos de 15%.
Diante desse cenário, a estratégia passa a ser mais modesta e voltada para produtos de maior volume. Isso inclui compactos e SUVs acessíveis, destinados a ampliar a base de clientes e reequilibrar as finanças.
O discurso da exclusividade cede lugar ao pragmatismo da sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo.

A reavaliação também atinge o campo da eletrificação. Embora siga comprometida com o lançamento de 17 novos EVs até 2027, a Mercedes confirmou que lançará também 19 modelos a combustão ou atualizações significativas de sua frota atual.
Na prática, a marca admite que o caminho rumo a um portfólio 100% elétrico será mais lento do que se previa.
O momento é descrito pelo próprio Källenius como uma tempestade perfeita: “chuva, granizo, tempestade e neve ao mesmo tempo”.
Para enfrentar a turbulência, a Mercedes aposta em volume, flexibilidade e objetivos mais realistas.

O glamour continua, mas agora dividido com a necessidade de se tornar mais acessível, um contraste marcante para quem sempre viu a estrela de três pontas como sinônimo absoluto de luxo.
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