O universo automotivo está em constante transformação, mas uma coisa nunca muda: o poder do marketing.
A conexão entre carros e estrelas de Hollywood é um clássico, mas a maneira como essas histórias são contadas está mudando. O exemplo mais recente vem da Mercedes-Benz, que lançou o curta “In Her Shoes”, estrelado por Antonio Banderas e sua filha na vida real, Stella.
O filme segue Antonio enquanto ele passa um dia dirigindo o Mercedes Classe E de Stella. Durante o trajeto, ele descobre uma série de detalhes sobre a vida da filha que ele, aparentemente, desconhecia—tudo revelado pelo próprio carro.
O slogan da campanha, “Knows your day. Drives your way” (Conhece seu dia. Guia o seu caminho), reflete o posicionamento do sedã, como um assistente digital sobre rodas, adaptado às necessidades e hábitos de seus proprietários.
A narrativa mostra o veículo se ajustando automaticamente às preferências de Stella e até guiando Antonio a lugares familiares com uma espécie de “intuição tecnológica”.
Embora essas sejam apresentadas como conveniências modernas, há um lado mais profundo nessa história: o quanto a Mercedes está coletando dados dos motoristas para oferecer essa experiência personalizada.
Essa estratégia representa um afastamento do tipo de marketing que celebrava a proteção e a emoção de dirigir para algo que explora a vigilância discreta dos hábitos do cliente.
Lembre-se das campanhas icônicas da BMW nos anos 2000, como “The Hire”, com o famoso ator Clive Owen, uma série de curtas que destacou a performance e o estilo dos carros sem invadir a privacidade do cliente.
Esses filmes, como “Ambush”, conquistavam o público ao enfatizar o prazer de dirigir, em vez de focar em quanto o carro sabia sobre o motorista.
A Mercedes-Benz parece estar apostando no conceito de que, quanto mais dados o carro coleta, mais “especial” o cliente se sentirá. Mas será que essa abordagem ressoa com todos?
Para alguns, a ideia de um carro que “te conhece” pode soar como inovação; para outros, como invasão.
A era dos carros que simplesmente oferecem experiências emocionantes parece estar dando lugar à era dos veículos que sabem o que você quer antes mesmo de você pedir—e não necessariamente porque são mágicos, mas porque estão te observando.
Se isso é evolução ou apenas uma nova forma de dependência tecnológica, fica a critério do consumidor decidir. Enquanto isso, o debate sobre o equilíbrio entre conveniência e privacidade no marketing automotivo continua a ganhar velocidade.
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