Os modelos de contratos de gestão pública nem sempre são claros para a população e um olhar mais apurado denota que fornecer serviços ao estado pode acarretar custos mais elevados do que se imagina.
A Mercedes-Benz é um exemplo disso aqui no Brasil, onde a montadora alemã forneceu à prefeitura de São Paulo nada menos que 175 ônibus elétricos em 2024, porém ainda não recebeu por eles.
Com um buraco de R$ 500 milhões somente em contratos para o fornecimento de ônibus elétricos, a prefeitura de São Paulo é impassível quanto ao modelo de gestão pública nas compras do município.
Embora a Mercedes-Benz tenha uma conta de R$ 300 milhões para receber, ela só verá a cor do dinheiro quando o processo contratual estiver concluído e isso nem depende dela, muito menos da capital.
O motivo é o modelo de contratação, chamado “turnkey”, é em realidade um complexo modelo de subvenção, adotado pela prefeitura de São Paulo, que só fará o pagamento quando ônibus e infraestrutura estiverem disponíveis.
Walter Barbosa, vice-presidente de Vendas, Marketing e Peças & Serviços da Mercedes-Benz, explicou ao site Auto Indústria como o negócio funciona: “É um conceito denominado turnkey. O município só repassa o recurso quando tudo estiver pronto para a operação: ônibus e infraestrutura”.
Barbosa concluiu: “Se o fornecedor da infraestrutura ou da energia não fez a parte combinada, o fornecedor do ônibus não recebe”.
Ou seja, nesse caso, a Mercedes-Benz fica esperando literalmente o belo dia em que as outras partes contratadas farão suas partes.
Enquanto isso, dezenas de ônibus elétricos ficam parados nos pátios de garagens das empresas na cidade, como pode ser visto em uma garagem no bairro do Jabaquara.
Diante disso, a conta entra no custo fixo da montadora, como revelou Barbosa: “Estamos correndo propostas para agenda positivo junto ao BNDES e ao poder público para construir um modelo de subvenção que seja viável para todos. O fabricante é o primeiro da cadeia com a produção do ônibus. Depois segue para encarroçador, fica por lá 90 dias. Se tivermos que esperar infraestrutura, o dano financeiro só aumentará.”
A Mercedes propõe a desvinculação dos ônibus elétricos dessa subvenção, mas a prefeitura de São Paulo não pretende mudar o modelo de contratação.
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