Enquanto os Estados Unidos ainda discutem se veículos elétricos são viáveis no dia a dia, o Japão está colocando caminhões de 240 toneladas para rodar em minas africanas sem uma gota de diesel.
Uma colaboração entre quatro gigantes — Hitachi, ABB, Komatsu e Sumitomo — está mostrando que eletrificar até mesmo as máquinas mais pesadas é não só possível, como estratégico para a próxima fase da transição energética global.
O projeto, que já está em operação na mina de cobre e ouro de Kansanshi, na Zâmbia, marca a estreia de um modelo de caminhão de carga 100% elétrico desenvolvido com foco em operações extremas.
A iniciativa começou com a parceria entre a Hitachi Construction Machinery e a ABB Traction, que desenvolveram o primeiro protótipo em fevereiro de 2024.
Agora, Komatsu e Sumitomo se somaram ao esforço, ampliando o alcance e o potencial da solução.
O modelo utilizado é baseado no EH4000, caminhão originalmente movido a diesel, com motor de 2.500 cavalos.
A nova versão elétrica combina uma bateria de alta capacidade com um sistema de alimentação aérea — semelhante ao de trólebus — que permite operação contínua sem a necessidade de paradas para recarga.
A lógica é simples e engenhosa: em terrenos planos, o caminhão roda apenas com energia da bateria; nas subidas, conecta-se aos cabos aéreos para puxar energia adicional; e nas descidas, recarrega o sistema com freios regenerativos.
Além da inovação no hardware, o projeto está sendo destacado como o primeiro piloto liderado por fabricantes de equipamento original (OEM) para testes reais de eletrificação pesada no setor de mineração.
A expectativa é que essa tecnologia seja aplicada de forma mais ampla à medida que a demanda por minerais usados em baterias — como lítio e níquel — dispare nas próximas décadas.
De acordo com a Agência Internacional de Energia, a procura por matérias-primas para baterias deve crescer até 30 vezes até 2040, com o consumo de diesel para operações industriais em queda acentuada desde 2023.
A mineração, portanto, está sob os holofotes: precisa crescer, mas com impacto ambiental reduzido — e é exatamente aí que iniciativas como essa se tornam decisivas.
Enquanto isso, o sistema desenvolvido no Japão já se mostrou tão eficiente que o caminhão pode operar praticamente sem interrupções, uma verdadeira virada de jogo para a produtividade em campo.
Ainda não há prazo definido para adoção em larga escala, mas o que já se vê é um caminho claro para a eliminação do diesel na mineração pesada, uma das áreas mais difíceis de descarbonizar.
Se antes a eletrificação era vista como algo restrito a veículos urbanos, agora até os colossos de 240 toneladas estão entrando na dança.
E com a chancela de empresas como ABB, Hitachi, Komatsu e Sumitomo, fica difícil duvidar que essa revolução é, de fato, inevitável.
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