Após mais de meio século de presença no mercado chinês, a Mitsubishi Motors acaba de encerrar oficialmente sua atuação no país, encerrando uma história que começou ainda em 1973 com exportações de caminhões médios.
A marca japonesa divulgou uma nota breve, mas contundente, informando o fim da parceria com a Shenyang Aerospace, uma joint venture que produzia motores desde 1998.
O motivo? A própria Mitsubishi resume: a transformação rápida e brutal da indústria automotiva chinesa.
Com o nome de Shenyang Aerospace Mitsubishi Motors Engine Manufacturing (SAME), a parceria fornecia propulsores não só para modelos da Mitsubishi, mas também para diversas montadoras chinesas.
A partir de agora, a operação continuará sob o nome Shenyang Guoqing Power Technology Co., Ltd., mas sem qualquer participação da marca japonesa.
A Mitsubishi até tentou resistir às mudanças, mantendo três modelos em linha no mercado chinês: Outlander, Eclipse Cross e ASX — sendo este último o único com versão elétrica.
Mas, diante do domínio de marcas locais como a BYD, especializada em elétricos e já cogitando entrada na América do Norte, não houve como competir.
Em 2023, a Mitsubishi admitiu que os ativos da GAC Mitsubishi, outra joint venture com a Guangzhou Automobile Group, estavam no vermelho em quase 200 milhões de dólares.
Essa queda brusca contrasta com os tempos de ouro da Mitsubishi na China. No início dos anos 2000, a marca japonesa era responsável por fornecer sistemas de propulsão para cerca de um terço dos veículos vendidos no país.
No entanto, a ascensão meteórica dos EVs e a fidelidade dos consumidores chineses às marcas nacionais deixaram a Mitsubishi à margem.
Em 2023, a GAC Mitsubishi ainda tentou reagir, encerrando as atividades em sua fábrica local e reestruturando a linha de produção para dar prioridade à Albion, sua nova submarca de veículos elétricos.
Mas agora, com a Mitsubishi reassessando sua estratégia na Ásia, esse plano também está em dúvida.
A saída da China é mais um capítulo amargo para a Mitsubishi, que também registrou uma queda de 84,1% no lucro operacional no primeiro trimestre de 2025. Nem mesmo o lançamento do novo modelo “Destinator”, restrito ao mercado da Indonésia, trouxe alívio.
Há rumores, no entanto, de que o lendário Pajero pode voltar — um protótipo já foi flagrado em testes.
O que fica claro é que, sem renovação tecnológica e sem um plano consistente para competir no segmento elétrico, marcas tradicionais como a Mitsubishi estão ficando para trás.
E no caso da China, o maior mercado automotivo do mundo, a marca japonesa acaba de ser definitivamente apagada do mapa.
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