Montadoras encontram um jeito esperto de repassar as tarifas aos clientes “sem aumentar” os preços

Quem pensa, lá nos Estados Unidos, que o maior susto ao comprar um carro novo vem do preço colado no vidro pode se preparar para um novo golpe no bolso.

As famigeradas taxas de entrega e destino — cobradas obrigatoriamente em todos os modelos — estão subindo em ritmo acelerado e virando um novo vilão na conta final dos consumidores.

Essas cobranças, que não podem ser negociadas ou evitadas, dobraram de valor desde 2017, quando giravam em torno de US$ 1.000.

Veja também

Hoje, muitas passam dos US$ 2.000, mesmo em modelos de entrada, e algumas marcas já aplicaram aumentos múltiplos no mesmo ano-modelo.

A justificativa oficial aponta o aumento nos custos logísticos e o impacto das tarifas de importação como fatores que pressionam os preços.

ford maverick hybrid 2025 1
ford maverick hybrid 2025 1

Mas em vez de reajustar o MSRP (preço sugerido), o que chamaria a atenção do consumidor, as montadoras preferem embutir esses custos extras nas taxas de entrega.

Com isso, o valor visível na etiqueta parece mais atraente, mas o valor real pago no final dispara.

Especialistas afirmam que essa prática se tornou uma estratégia comum para compensar aumentos de custo sem assustar o público logo de cara.

Grandes marcas americanas como Ford, GM e Stellantis lideram essa escalada, com aumentos de até 40% nas taxas nos últimos quatro anos.

No caso da Ford F-150 modelo 2026, por exemplo, o valor da taxa de entrega chega a US$ 2.595 — o equivalente a cerca de R$ 14.000.

Nem os modelos menores escapam: o Ford Maverick já cobra US$ 1.695 de destino, mesmo sendo considerado um dos modelos mais acessíveis da linha.

A distorção é tamanha que carros de luxo como o BMW Alpina XB7, que custa US$ 156.000, pagam menos de frete — US$ 1.175, ou R$ 6.400.

Na prática, os consumidores são obrigados a pagar pelo transporte, mesmo que morem ao lado da fábrica e retirem o veículo direto no pátio.

O consultor Sam Abuelsamid resume a crítica: essa taxa virou uma forma disfarçada de repassar tarifas de importação e inflação ao cliente sem assumir o aumento no preço oficial.

Segundo ele, só nos últimos nove meses, as três maiores montadoras dos EUA reajustaram essas taxas duas vezes, atingindo tanto SUVs gigantes quanto carros menores.

Ao mesmo tempo, concessionárias continuam impondo adicionais como pacotes de proteção e taxas administrativas infladas, elevando ainda mais o custo final.

O reflexo direto é o aumento constante no valor médio das transações: em novembro, o preço efetivamente pago por um carro novo chegou a US$ 49.814 — cerca de R$ 273 mil.

Esse valor subiu 1,3% em um ano, impulsionado por compradores mais velhos e com maior renda, que não sentem tanto os efeitos da inflação.

A preferência desse público por SUVs e modelos premium também contribui para o sumiço dos carros mais acessíveis.

Atualmente, apenas 7% dos carros novos vendidos nos EUA custam menos de US$ 30.000, ou R$ 160 mil, afastando a classe média do mercado.

No fim das contas, a estratégia de esconder aumentos no frete virou padrão, e o consumidor paga mais sem perceber exatamente onde está sendo cobrado.

📣 Compartilhe esta notíciaX FacebookWhatsAppLinkedInPinterest
📨 Receba um email com as principais Notícias Automotivas do diaReceber emails
📲 Receba as notícias do Notícias Automotivas em tempo real!Entre agora em nossos canais e não perca nenhuma novidade:

Canal do WhatsAppCanal do Telegram
Siga nosso site no Google Notícias
noticias
Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.


formulario noticias por email

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação / 5. Número de votos:

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.