
A indústria automotiva europeia finalmente parece ter despertado para a dura realidade imposta pela ascensão das marcas chinesas.
No IAA Mobility 2025, um dos maiores salões do setor que acontece esta semana em Munique, gigantes como Volkswagen, BMW e Renault estão lançando mão de tudo que têm para não perder espaço dentro de casa — literalmente.
Com foco absoluto na eletrificação e conectividade, as montadoras do Velho Continente apresentaram novos modelos que tentam reconquistar o consumidor europeu.
A Volkswagen revelou o ID.Cross Concept, um modelo compacto 100% elétrico, com forte apelo urbano e aposta pesada em software. A ideia da marca é reforçar sua posição de liderança em eletromobilidade na região.
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A BMW, por sua vez, estreou o utilitário esportivo iX3, que traz o que chamou de “superbrain architecture” — um sistema no qual diversas funções são centralizadas em um único cérebro computacional, substituindo uma série de componentes físicos.
A estratégia mira diretamente os rivais chineses, reconhecidos por sua superioridade tecnológica em EVs.
A francesa Renault também entrou no jogo com o novo Clio, em sua sexta geração, e com uma ousadia inusitada: o Renault 5 Turbo 3E, um modelo elétrico descrito como “mini supercarro”.
O visual retrô, combinado com desempenho esportivo e motorização elétrica, visa capturar a atenção de um público mais jovem e conectado.

Essa verdadeira blitz de lançamentos é vista como uma resposta direta à invasão das marcas chinesas como BYD e XPeng, que vêm ganhando espaço rapidamente na Europa com EVs mais baratos, tecnologicamente avançados e com uma cadeia de suprimentos altamente eficiente.
O crescimento do setor automotivo chinês foi impulsionado por subsídios estatais, incentivos fiscais e mais de US$ 230 bilhões investidos em pesquisa e desenvolvimento de veículos elétricos ao longo de 15 anos.
O CEO da Volkswagen, Oliver Blume, afirmou que não teme os concorrentes asiáticos. Segundo ele, a competição serve como motivação para melhorar.
“É como no esporte: quando você tem bons rivais, precisa ser melhor. E é isso que temos feito”, declarou durante o evento em Munique.
Do lado da BMW, o discurso é de integração e resistência. Para o CEO Oliver Zipse, a IAA não é sobre “Europa versus China”, mas sim uma vitrine da força da indústria global.
Ele defendeu que a competição ocorre simultaneamente em vários níveis e que o setor automotivo mundial está mais conectado do que nunca.
Já Klaus Rosenfeld, CEO da fornecedora alemã Schaeffler, acredita que o evento marca uma virada de chave.
Ele falou em “autoconfiança” e elogiou o esforço da indústria alemã, que mesmo diante de pressões geopolíticas e desafios econômicos, conseguiu apresentar inovação.
Para ele, a China continua sendo o mercado mais importante do planeta. Quem conquista o consumidor chinês, diz Rosenfeld, está pronto para enfrentar o mundo.
Com produção cada vez mais cara, cadeias de suprimento ainda fragilizadas e tarifas nos EUA atrapalhando exportações, as montadoras europeias sabem que não têm muito tempo.
Ou se reinventam agora, ou perderão definitivamente a liderança de um setor que ajudaram a criar.
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