O mercado chinês, crucial para as marcas europeias de luxo, enfrenta uma forte desaceleração, colocando marcas como BMW, Mercedes-Benz e Jaguar Land Rover (JLR) em uma posição difícil.
Para evitar o colapso de suas redes de concessionárias, essas empresas têm desembolsado centenas de milhões de euros para subsidiar operações locais em meio a descontos agressivos e queda na demanda.
Impacto na rentabilidade e redução de produção
A BMW relatou um declínio de 30% nas entregas na China no terceiro trimestre de 2024, totalizando 147.839 unidades. Isso contribuiu para uma queda em sua margem de lucro trimestral, que despencou de 10,9% no segundo trimestre para apenas 2,6%.
A marca atribui os resultados à baixa confiança dos consumidores e a um recall de veículos com problemas nos freios.
Já a JLR registrou uma queda de 17% nas vendas no mesmo período, com 22.785 unidades comercializadas, enquanto sua margem de lucro caiu de 8,9% para 5,1%. A Mercedes-Benz também viu suas vendas na China caírem 10% nos primeiros nove meses de 2024, totalizando 512.200 unidades.
O impacto mais significativo foi sentido em modelos de alto lucro, como o Classe S e o GLS, cujas vendas caíram 12% globalmente, especialmente na Ásia.
Concessionárias em crise e fechamentos
A crise das concessionárias na China é profunda. Estima-se que cerca de 2.000 lojas fecharão as portas em 2024, segundo a Associação de Concessionárias de Automóveis da China (CADA).
Mais de metade das lojas já operam no vermelho, exacerbadas pelo excesso de estoque e pela relutância das montadoras em reduzir a produção para se alinhar à demanda.
Um exemplo emblemático é o fechamento da primeira loja “5S” da BMW em Pequim, operada pela GA Holding.
Além das tradicionais vendas, serviços, peças e feedback ao cliente, essa unidade incluía sustentabilidade, com painéis solares e turbinas eólicas. Mesmo assim, não resistiu às condições econômicas adversas.
Guerra de preços e concorrência local
A intensa competição no mercado chinês, especialmente nos segmentos de entrada e nos veículos elétricos, tem pressionado as marcas europeias a reduzir preços, afetando suas margens.
Modelos como o Range Rover Evoque e o Discovery Sport, fabricados localmente, foram os mais atingidos pela guerra de preços. Apenas os modelos mais luxuosos, como Range Rover e Defender, continuam sendo rentáveis, segundo um concessionário da JLR citado pela mídia local.
A Mercedes-Benz e outras marcas alertaram seus revendedores sobre a necessidade de reduzir custos e tornar suas operações mais sustentáveis.
No entanto, há limites para o suporte financeiro: a Mercedes já indicou que não pretende continuar com os subsídios aos revendedores a partir de 2025.
Transição para veículos eletrificados
A transição do mercado chinês para veículos elétricos e híbridos plug-in está impulsionando as marcas locais, enquanto os modelos a combustão das marcas europeias enfrentam desafios crescentes.
No segmento de luxo, dominado pelos motores a combustão, ainda há espaço para as marcas premium.
No entanto, nos níveis mais baixos do mercado, os BEVs (veículos elétricos a bateria) de entrada estão canibalizando as vendas de veículos tradicionais.
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