Montadoras ignoram apelo popular por carros mais acessíveis, e preferem perder clientes do que vender carro barato

Fusca 003
Fusca 003

Enquanto consumidores clamam por veículos acessíveis, a indústria automotiva parece fazer de tudo para ignorar esse apelo.

A lógica que domina as grandes montadoras é clara e imutável há anos: dá pra ganhar dinheiro vendendo picapes e SUVs grandes, quebrar o galho com SUVs médios, e perder feio com carros pequenos.

Foi o que ouviu de forma direta um colunista automotivo durante um jantar com um executivo da Ford, e essa filosofia segue mais viva do que nunca.

O problema é que a tecnologia parece estar caminhando em outra direção. Uma inovação promissora na China está gerando burburinho no setor: as baterias de sódio desenvolvidas pela gigante chinesa CATL.

catl bedrock
catl bedrock

Elas estão sendo produzidas em massa e, segundo especialistas, entregam resultados impressionantes, especialmente no custo.

Enquanto a bateria de lítio-ferro-fosfato, atualmente a mais barata da indústria, custa em torno de US$ 75 por quilowatt-hora, a versão de sódio pode chegar a apenas US$ 10/kWh.

A diferença de preço é tão brutal que, teoricamente, poderia tornar possível a produção de EVs extremamente acessíveis.

Se esse tipo de bateria migrar dos veículos comerciais, onde já está sendo usada, para carros de passeio, o sonho do carro elétrico barato poderia se tornar realidade.

avaliacao byd dolphin mini preto (6)
avaliacao byd dolphin mini preto (6)

Um modelo com preço abaixo dos US$ 20 mil não seria um delírio, mas uma possibilidade concreta.

Mas há um problema: ninguém na indústria quer isso.

O motivo é simples e desanimador. A maioria das montadoras, com exceção da Tesla, está perdendo dinheiro com EVs.

Mesmo que uma nova tecnologia permita baratear os modelos, os volumes de venda ainda são baixos demais para que o negócio seja sustentável.

Fabricar um EV de US$ 25 mil, ou seja, cerca de R$ 130.000 a R$ 140.000, já é difícil. Fazer um de R$ 100.000 com margem positiva? Praticamente impossível, ao menos na visão das montadoras tradicionais.

A consequência disso é visível no mercado atual: veículos cada vez mais caros, acessíveis apenas para consumidores de maior poder aquisitivo.

Isso se agrava com as taxas de juros elevadas, que afastam ainda mais o público médio da possibilidade de adquirir um carro novo, seja elétrico ou a combustão.

Enquanto isso, fabricantes como Toyota ainda conseguem vender Corollas e RAV4s em bom volume, mas isso está longe de ser a regra.

A maioria das montadoras prefere investir em modelos mais caros, onde há margem para lucrar.

O foco está em SUVs premium, picapes com pacotes luxuosos e EVs acima dos US$ 40 mil. Isso tudo reforça uma desconexão evidente: o que a população precisa está distante do que a indústria está disposta a oferecer.

Por mais que surjam tecnologias promissoras na China, como essa bateria de sódio extremamente barata, a resposta de Detroit e do restante da indústria ocidental segue a mesma: ignorar, adiar, rejeitar.

Afinal, vender barato é algo que ninguém parece disposto a tentar — mesmo que o mercado esteja gritando por isso.

[Fonte: Jalopnik ]



Quer receber todas as nossas notícias em tempo real?
Acesse nossos exclusivos: Canal do Whatsapp e Canal do Telegram!
formulario noticias por email

O que você achou disso?

Toque nas estrelas!

Média da classificação / 5. Número de votos:

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.



noticias
Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.