Montadoras tradicionais abandonam métodos próprios e imitam as chinesas para não ficarem para trás

renault twingo vazado 2
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As montadoras tradicionais estão copiando, sem disfarçar, os métodos de trabalho das chinesas para lançar carros elétricos com o máximo de rapidez possível.

Pressionadas pela competitividade dos EVs asiáticos, marcas como Renault , Ford, Nissan e Volkswagen decidiram seguir os passos dos rivais da China para não perder mercado.

A ordem agora é abandonar processos longos e complexos que sempre definiram o setor automotivo europeu e japonês, trocando o rigor técnico por velocidade.

A Renault criou um centro de desenvolvimento em Xangai, com 150 engenheiros locais, justamente para absorver a cultura chinesa de agilidade.

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Desse esforço nasceu o novo Twingo elétrico, desenvolvido em 21 meses — menos da metade do tempo usual da indústria europeia.

nissan n7 1
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No caso da Ford, a solução foi se aliar à própria Renault para desenvolver, em conjunto, uma nova geração de carros elétricos compactos e baratos para o continente europeu.

A inspiração veio das práticas adotadas por marcas chinesas como a BYD, que usam peças comuns entre vários modelos, aceleram testes e priorizam atualizações digitais.

Enquanto isso, a Nissan montou, com a Dongfeng, um sedã elétrico, chamado N7, por menos de R$ 100 mil que ficou pronto em cerca de dois anos — e já está sendo vendido na China.

Executivos do setor reconhecem que a única forma de acompanhar o ritmo das marcas chinesas é imitando sua forma de trabalhar.

nissan n7 2
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Jérémie Papin, da Nissan, admitiu que cortar tempo de desenvolvimento virou questão de sobrevivência, especialmente para quem tem menor escala de produção.

Renault e Volkswagen já aplicam a lógica de desenvolver carros em tempo real, com partes sendo projetadas e fabricadas ao mesmo tempo, e decisões tomadas por mensagens no WhatsApp, sem reuniões demoradas.

Nesse modelo, 45% das peças do novo Twingo vieram da China, e até a linha de produção foi preparada antes do projeto estar totalmente finalizado.

O Dacia Hipster, minicarro da Renault que usa a mesma plataforma, deve ficar pronto em apenas 16 meses — algo impensável há poucos anos.

Consultores apontam que o que as montadoras estão fazendo não é apenas adotar ferramentas digitais, mas copiar um estilo de gestão mais ágil e arriscado.

Na China, testes de durabilidade rodam até 600 mil km por veículo, enquanto no Ocidente a média pode ultrapassar os 3 milhões de km.

Os chineses também não esperam que o software esteja 100% pronto: lançam os carros e corrigem depois, com atualizações via internet.

Esse modelo, agora replicado no Ocidente, permite que o produto chegue antes ao mercado, mesmo que ainda faltem acertos.

A Capgemini foi direta: se uma marca demora cinco anos para lançar um carro, ele já está obsoleto quando chega às lojas.

Mas há quem veja riscos: conselheiros de montadoras japonesas alertam que, ao copiar a pressa chinesa, fabricantes podem comprometer sua reputação.

O desafio agora é encontrar equilíbrio entre copiar o que funciona e não perder os valores que sustentaram a indústria por décadas.

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.


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