Morre o homem que mudou todos os carros do mundo com uma simples seta no painel

Faleceu neste mês James Moylan, criador de um dos recursos mais úteis e discretos do seu carro: a famosa setinha que fica no marcador de combustível de todos os carros hoje em dia.

Aos 80 anos, o ex-funcionário da Ford morreu no dia 11 de dezembro, deixando como legado uma invenção tão simples quanto genial, usada por milhões de motoristas todos os dias.

Poucos sabem que essa ideia só surgiu em 1986 e foi resultado de um momento banal — e frustrante — em um posto de gasolina nos Estados Unidos.

Naquele dia chuvoso em Dearborn, Moylan usava um carro da frota da Ford para ir a uma reunião e, ao parar para abastecer, encostou do lado errado da bomba.

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Foi o suficiente para se molhar todo e ter um estalo: e se houvesse uma seta no painel indicando o lado certo do bocal do tanque?

De volta ao escritório, ele desenhou um rascunho e formalizou a proposta como uma sugestão de conveniência, acreditando que aquilo facilitaria a vida de muitos usuários.

Segundo ele, mesmo que todos os modelos futuros tivessem o tanque do mesmo lado, a ideia ainda seria útil para famílias com mais de um carro e para clientes de locadoras.

O documento ficou esquecido por sete meses, até que um diretor de design respondeu dizendo que a sugestão seria adotada nos modelos de 1989.

Os primeiros carros a receberem a tal setinha foram o Ford Escort e o Mercury Tracer, seguidos por Thunderbird e Cougar no mesmo ano.

Antes disso, motoristas tinham que confiar na memória ou sair do carro para descobrir o lado certo — o que gerava confusão, principalmente em frotas ou carros alugados.

Apesar de parecer algo óbvio, a solução demorou décadas para ser implementada, provando que até as melhores ideias podem passar despercebidas por muito tempo.

Moylan começou na Ford em 1968 como desenhista técnico e voltou à empresa nos anos 70 após um período fora, atuando depois na área de engenharia de plásticos.

Durante a parceria entre Ford e Mazda, foi transferido ao Japão e, mesmo já experiente, decidiu cursar engenharia e se formou apenas em 1999.

Ele se aposentou em 2003, após mais de 30 anos dedicados à indústria, sem jamais ter ganhado fama por sua contribuição prática ao mundo automotivo.

Com o tempo, a setinha do tanque virou padrão em praticamente todas as marcas, embora não haja um registro claro de quando e como ela se espalhou entre os concorrentes.

Hoje, até os EVs seguem o mesmo princípio, com indicadores mostrando em que lado está o conector de recarga — ou até dois, em casos como o do Nissan Leaf.

Modelos híbridos mais sofisticados, como o Mercedes-AMG S63, trazem duas setas no painel: uma para o tanque de combustível e outra para o carregador.

A morte de James Moylan encerra a trajetória de um homem comum, cuja ideia simples transformou a experiência de dirigir — e cuja história merece ser lembrada.