O que começou como uma promessa futurista de carros autônomos está se tornando uma realidade perigosa nas ruas dos EUA.
Em abril deste ano, um Tesla com o sistema Full Self-Driving (FSD) ativado e transportando um passageiro para o Uber colidiu com um SUV em um cruzamento em Las Vegas.
O acidente, que deixou o outro motorista hospitalizado, levantou preocupações sobre o uso desregulado da tecnologia autônoma, especialmente em plataformas de transporte de passageiros como Uber e Lyft.
A colisão ocorreu poucos meses antes de o CEO da Tesla, Elon Musk, prometer revelar um verdadeiro robotaxi em 10 de outubro próximo.
A visão de Musk envolve uma frota de veículos autônomos de propriedade dos consumidores, que poderiam trabalhar sozinhos quando seus donos não estivessem utilizando-os. No entanto, parece que alguns motoristas não estão esperando essa tecnologia oficial chegar e já estão improvisando suas próprias versões.
De acordo com relatos da Reuters, pelo menos onze motoristas de plataformas como Uber e Lyft, consultados pela reportagem, já estão utilizando o sistema FSD em suas corridas.
O software, que custa US$ 99 por mês, tem limitações sérias, mas os motoristas afirmam que ajuda a reduzir o estresse e permite que trabalhem por mais horas. Com isso, ganham mais dinheiro, uma perspectiva tentadora, embora potencialmente perigosa.
O acidente em Las Vegas: um sinal de alerta?
No incidente em Las Vegas, o motorista Justin Yoon, que compartilha vídeos no YouTube sob o nome “Project Robotaxi”, estava com as mãos fora do volante enquanto seu Tesla, a 74 km/h, não identificou um SUV cruzando a via à sua frente.
O software FSD falhou em reduzir a velocidade do Tesla, levando Yoon a assumir o controle no último segundo e minimizar o impacto. O resultado: um carro destruído, três pessoas feridas e uma discussão acalorada sobre os riscos de usar essa tecnologia de forma inadequada.
Embora as autoridades tenham atribuído a culpa ao outro motorista por não ter dado a preferência, Yoon admitiu que o FSD ainda comete erros e continuará a cometer. “Não é perfeito”, disse ele em um vídeo pós-acidente, que gerou reações acaloradas online.
Uber e Lyft mantêm silêncio
Tanto Uber quanto Lyft, ao serem questionados sobre a questão, se limitaram a afirmar que a responsabilidade pela segurança é dos motoristas.
O Uber, que entrou em contato com os envolvidos no acidente, destacou que as diretrizes da comunidade exigem que os motoristas mantenham um ambiente seguro para os passageiros, mesmo quando suas práticas de direção estão dentro da legalidade.
A Lyft acrescentou que os motoristas concordam em não se engajar em comportamentos imprudentes.
O problema, no entanto, é que o FSD da Tesla, apesar de ser um sistema de automação parcial, ainda exige supervisão humana constante. Ou seja, os motoristas não podem simplesmente “deixar o carro fazer o trabalho”.
Mas, mesmo assim, muitos motoristas estão adotando o software para jornadas mais longas e situações onde o trânsito é menos complexo.
Futuro do transporte autônomo: promessa ou risco?
Com o recente anúncio de que o Uber permitirá que destinos de passageiros sejam enviados diretamente para o sistema de navegação dos Teslas, a preocupação aumenta.
Embora o software de direção autônoma seja legal em certas condições, especialistas da indústria automobilística pedem mais regulamentações para evitar o mau uso dessa tecnologia em plataformas de transporte público.
Enquanto aguardamos o próximo passo de Musk em sua corrida pelo futuro do transporte autônomo, a realidade é que a combinação de tecnologia de automação parcial e motoristas mal preparados pode resultar em mais incidentes perigosos nas estradas.
Para os consumidores que dependem desses serviços, a pergunta é: você entraria em um carro autônomo?
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