Num futuro não muito distante, você pode entrar em um robotáxi e ser recebido por alguém que não está lá para dirigir, mas sim para carregar sua mala, preparar um drinque ou até contar histórias durante o trajeto.
Essa é a visão ousada apresentada por David Risher, CEO da Lyft, ao discutir o papel dos humanos no transporte autônomo durante uma entrevista ao podcast Decoder, do site The Verge.
A ideia do “car tender” — uma espécie de comissário de bordo sobre rodas — pode parecer inusitada, mas faz parte da tentativa da empresa de manter os humanos ativos em um setor cada vez mais automatizado.
Para Risher, ainda levará “muitos e muitos anos” até que os veículos autônomos eliminem a necessidade de motoristas humanos de forma significativa.
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Nesse período de transição, a convivência entre carros tradicionais e robotáxis será inevitável, o que abre espaço para funções híbridas e novas formas de atuação no transporte por aplicativo.
Ele também destacou que motoristas de hoje podem encontrar outras formas de ganhar dinheiro dentro da mesma plataforma, sem necessariamente dirigir.
Um dos caminhos cogitados seria permitir que os próprios motoristas colocassem seus veículos autônomos pessoais à disposição da Lyft, algo semelhante ao que Elon Musk já propôs para donos de Teslas.
Segundo Risher, a empresa quer garantir que os trabalhadores continuem participando da economia de serviços, mesmo que isso signifique atuar mais como proprietário de um ativo do que como prestador direto.
Em outras palavras: o carro trabalha sozinho, enquanto o dono fatura.
Apesar disso, o futuro não é apenas passivo para os motoristas.
A Lyft criou recentemente uma ferramenta chamada “driver accomplishment letter”, que usa inteligência artificial para gerar cartas de recomendação com base no desempenho de quem já completou muitas viagens.
Essas cartas destacam aspectos como pontualidade e confiabilidade, podendo ajudar motoristas a conquistar vagas em outras áreas do setor de serviços.
Em junho, a empresa realizou seu primeiro Fórum de Motoristas sobre Autonomia, reunindo um grupo seleto para debater como os robotáxis devem ser integrados à plataforma sem deixar os trabalhadores para trás.
Concorrentes também estão se mexendo.
O Uber, por exemplo, iniciou recentemente um piloto nos Estados Unidos para que seus motoristas atuem no treinamento de IA — mais uma alternativa de renda fora do banco do motorista.
É um cenário em que o volante já não é o centro da profissão, mas sim a experiência que se entrega ao passageiro — mesmo que isso envolva preparar um drinque enquanto o carro se dirige sozinho pelas ruas.
A Lyft, vale lembrar, não desenvolve seus próprios veículos autônomos, mas tem parcerias com empresas como Waymo e Baidu para integrar a tecnologia à sua operação.
Enquanto a revolução dos robotáxis não chega de vez, o setor experimenta formatos, ajusta expectativas e tenta garantir que o humano continue sendo parte essencial — mesmo que agora, sem precisar pisar no freio.
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