A Chery está iniciando a montagem de veículos na Rússia, aproveitando três fábricas deixadas por empresas ocidentais como Volkswagen e Mercedes-Benz.
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, muitas montadoras ocidentais abandonaram o mercado russo, permitindo que as marcas chinesas expandissem sua participação, agora responsável por mais da metade das vendas de carros no país.
Com esse movimento, a Chery está aumentando sua presença não apenas nas vendas, mas também na produção local, destacando a crescente influência da China na economia russa desde o início do conflito.
A Chery, que responde por quase 20% das vendas de carros de passeio na Rússia, está importando veículos quase montados e finalizando sua produção em três fábricas russas.
Fontes informaram para a Reuters que a montadora chinesa está apostando na forte demanda interna, já que a produção doméstica da Rússia enfrenta dificuldades devido à baixa capacidade de produção e saídas de empresas ocidentais.
Em resposta a questões sobre a produção, a Chery afirmou que abastece o mercado russo com veículos de passeio, mas não tem planos de construir ou adquirir suas próprias fábricas no país.
A empresa não comentou diretamente sobre o trabalho de montagem nas plantas russas. Segundo documentos russos revisados pela Reuters, alguns modelos da Chery passaram pela aprovação dos padrões de segurança entre fevereiro e agosto de 2024.
Modelos como o SUV Tiggo e a linha Exeed da Chery estão sendo montados em fábricas anteriormente pertencentes a Volkswagen, Mercedes-Benz e Nissan.
Uma dessas plantas, localizada em São Petersburgo e anteriormente da Nissan, começou a produzir o Tiggo 7, rebatizado como Xcite X-Cross 7. Esse modelo foi eleito o “melhor novo carro” em uma premiação de SUVs na Rússia em setembro de 2024, vendendo 3.447 unidades entre maio e setembro.
A abordagem da Chery de rebranding de veículos chineses como modelos russos segue uma estratégia já vista com a marca soviética Moskvich, que foi revivida na antiga fábrica da Renault em Moscou. Esse modelo, na verdade, é uma versão modificada de um carro da JAC, outra fabricante chinesa.
Além disso, a Chery está minimizando a publicidade em torno de suas operações na Rússia, com o objetivo de evitar maior escrutínio internacional.
A cooperação entre China e Rússia tem atraído a atenção do Ocidente, que busca conter iniciativas que possam apoiar o esforço de guerra russo. Segundo um porta-voz da Chery, as operações na Rússia são completamente separadas dos planos de expansão da empresa na Europa.
No entanto, o impacto dessas operações na Rússia é evidente. Em Kaluga, a cerca de duas horas de Moscou, a AGR Automotive está montando os crossovers Tiggo em pequenas quantidades, com uma capacidade anual de produção de 225 mil veículos.
Em outra fábrica na região de Moscou, o modelo Exeed VX, um crossover de luxo, também está sendo produzido, de acordo com dois concessionários locais.
A expansão agressiva da Chery no mercado russo já reflete em números expressivos: em 2023, a empresa quase quadruplicou suas vendas em comparação a 2022, com mais de 200 mil veículos comercializados.
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