
A Volkswagen comemorou com entusiasmo a produção de seu milionésimo carro elétrico na fábrica de Zwickau, no leste da Alemanha.
O modelo que marcou o feito foi um ID.3 GTX, versão esportiva do hatch compacto, produzido na mesma linha que outros cinco modelos elétricos de marcas do grupo VW.
Mas, por trás dos sorrisos e chapéus de festa, há uma preocupação crescente no quartel-general da empresa em Wolfsburg: os custos e margens apertadas dos EVs estão prejudicando os resultados financeiros da companhia.
Enquanto as vendas de veículos elétricos continuam a crescer — dobrando na Europa no primeiro trimestre de 2025 e representando agora um em cada cinco carros vendidos pelo grupo — os ganhos não acompanham esse ritmo.

Os carros elétricos são mais caros de fabricar que os modelos a combustão e, ao mesmo tempo, oferecem margens de lucro menores.
No caso da VW, essa proporção crescente de EVs na sua linha de vendas empurrou a margem de lucro para baixo, ficando em torno de 4%.
O cenário fica ainda mais delicado com o fim ou redução de subsídios estatais em diversos países europeus, que anteriormente permitiam à marca compensar os custos altos dos elétricos com preços maiores ao consumidor final.
Sem esses incentivos, a conta já apertada fica ainda mais difícil de fechar.

O alívio, no entanto, pode vir com os modelos mais acessíveis que estão a caminho.
A Volkswagen aposta na chegada do ID.2 — um compacto elétrico com preço estimado em €25 mil (aproximadamente R$ 140 mil) — e em seus derivados, como o SUV baseado na mesma plataforma e as versões equivalentes da Cupra (Raval) e da Skoda (Epiq).
A novidade desses modelos é o uso de uma versão simplificada da plataforma MEB, com tração dianteira e custos de produção mais baixos, o que pode permitir margens semelhantes às de veículos a combustão.
O ID.2 será produzido na Espanha e deve chegar ao mercado em 2026, simbolizando uma tentativa da marca de equilibrar a balança entre sustentabilidade e rentabilidade.

Até lá, a pressão financeira segue firme.
A VW revelou recentemente que seu lucro antes dos impostos caiu 40% no primeiro trimestre de 2025, totalizando €3,1 bilhões, mesmo com um aumento de 1,4% nas entregas de veículos no período.
Segundo o diretor financeiro Arno Antlitz, esse recuo tem relação direta com o crescimento das vendas de EVs.
E os desafios não param na Europa. A imprevisibilidade das tarifas de importação nos Estados Unidos, intensificada pelas medidas da administração Trump, está complicando ainda mais o planejamento financeiro da VW para o restante do ano.
A montadora já alertou seus investidores de que os resultados de 2025 devem ser inferiores ao previsto, principalmente por conta da alta exposição do grupo — especialmente das marcas Audi e Porsche — ao mercado norte-americano, sem fábricas locais que as protejam das novas tarifas.

Apesar da marca histórica dos 1 milhão de EVs produzidos, a Volkswagen enfrenta o dilema de expandir sua linha elétrica sem comprometer sua lucratividade.
O sucesso do ID.2 e dos futuros modelos de entrada será essencial para reverter esse cenário. Até lá, a festa em Zwickau tem gosto agridoce.

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