Avaliação New Fiesta 2014: a nova versão agrada

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Fazia tempo que um carro compacto, na faixa de R$ 50 mil, não me deixava tão satisfeito.

Claro que esse começo já é um motivo de insatisfação, afinal “carro compacto na faixa de R$ 50 mil” é caro, você dirá. E eu concordo.

Um pouquinho mais e você pula para um hatch médio. Mas, tirando o preço – e registrando de antemão nossa aversão a veículos caros (o que inclui todos) –, o New Fiesta tem o dom de agradar.

Nessa categoria, é normal a gente gostar do motor mas reclamar do acabamento, ou elogiar o visual e criticar o desempenho. Pois dessa vez encontrei um carro que me cativou.

O New Fiesta 1.6 Titanium 2014 consegue se sair bem em praticamente todos os aspectos. Não foram precisos mais do que alguns quarteirões ao volante para entender por que ele está vendendo tão bem.

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Estilo campeão

O primeiro ponto forte é o estilo. Desde que chegou ao Brasil, importado do México, o New Fiesta me agradou. Tem linhas agressivas, que transmitem dinamismo.

O modelo nacional, recém-chegado, só aprimorou uma receita que já nasceu boa. Com a ampla grade, o New Fiesta abriu a boca e mostrou os dentes.

Visto de dianteira, o carro lembra um Aston Martin (com algum exagero) ou um Fusion (sem forçar a barra) em escala reduzida.

Afora a grande entrada de ar (com filetes cromados), o capô também tem vincos, que conferem forte personalidade ao hatch.

A lateral é muito bem resolvida, idem para a traseira, que tem lanternas em pé muito bem desenhadas e ganhou um aerofólio maior na linha 2014.

Elementos como a parte sem pintura no lado inferior do para-choque reforçam a esportividade.

Entro no carro e encontro um painel igualmente estiloso, de linha arrojadas.

A parte central avançada deixa os comandos mais próximos da mão, facilitando ainda mais o acesso, num carro que já tem teclas no volante e o ótimo sistema Sync, de comandos de voz para som e telefone.

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Nessa versão Titanium, top de linha, o acabamento é mais caprichado e traz detalhes prateados nas saídas de ar, puxadores das portas, volante, etc.

Além disso, a parte central em torno do sistema de som recebeu acabamento preto brilhante (as fábricas costumam chamar de “black piano”), resultando num aspecto mais sofisticado. A versão SE 1.5 (intermediária) não traz esses elementos.

Preço salgado

Antes de prosseguir com os elogios, acho que essa versão top de linha com motor 1.6 e câmbio manual está longe de ser a combinação ideal.

Penso que, se é para levar a Titanium, então que seja a Powershift. Você vai pagar caro (R$ 55.990), mas leva uma moderna transmissão automatizada de seis marchas e dupla embreagem, que faz trocas bem rápidas e dá um baile nos concorrentes de câmbio automático convencional.

Esta versão com câmbio manual (IB5) revela várias qualidades, mas é cara (R$ 52.340). Na minha opinião, se for para comprar o 1.6 manual, melhor optar pela versão SE, intermediária, de R$ 46.340.

Você vai perder alguns equipamentos, mas vai ter o mesmo desempenho. Ela é superior em termos de custo-benefício.

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Vamos andar

Para dar a partida, é preciso pisar na embreagem, porque o sistema é do tipo “inteligente”: basta um toque na chave para o motor de arranque fazer o resto do trabalho, sem que o motorista precise segurar a chave.

Saio e o carro mostra-se extremamente ágil. O motor Sigma 1.6 16V TiVCT, que já equipava o New Fiesta, ficou ainda melhor na versão nacional.

A novidade é o comando duplo de válvulas variável, tanto na admissão como na descarga. Com ele, a potência subiu de 115 para 130 cv (etanol). Com gasolina, rende 125 cv.

A maior vantagem do comando variável é a agilidade de respostas em qualquer faixa de rotação. Abaixo de 2.000 rpm, o hatch de 1.126 kg já mostra muita disposição, o que por vezes até dispensa reduções de marcha.

Basta acelerar que o carro vai embora. O torque máximo, de 16 kgfm (etanol), aparece só a 5.000 rpm, mas é evidente que boa parte dessa força está disponível já a 2.000 giros.

Com gasolina, o torque é de 15,4 kgfm, a 4.250 rpm.

A relação de marchas está muito bem escalonada, e como resultado o New Fiesta está sempre vivo, não importa em que marcha você esteja.

O motor, de alumínio, é bem elástico e vai a 6.720 rpm, pouco acima da rotação de potência máxima (6.500 “paus”, como diria o pessoal das pistas).

Por tudo isso, acho que a Ford foi extremamente conservadora ao divulgar os números de aceleração. Ela fala em 0 a 100 km/h em 12,1 segundos para essa versão manual, com etanol.

Desconfio que o piloto estava com sono, ou se esqueceu de soltar o freio de mão. Acho que esse carro cumpre a prova na casa dos 10 s, facilmente. A máxima declarada é de 190 km/h.

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Desempenho com economia

E tudo isso sem gastar muito. O modelo utilizado na avaliação veio com etanol no tanque, e o computador de bordo anotou a média de 8,0 km/l na cidade.

É bem razoável, e bateu com o dado divulgado pela Ford. Na estrada, nossa média, obtida a 120 km/h constantes, com etanol, foi até superior ao valor informado pela montadora: o carro fez 12,9 km/l, contra 10,0 km/l oficiais.

Com gasolina, a montadora fala em 12,0 km/l no ciclo urbano e 14,3 km/l na estrada.

Esse carro me fez lembrar do ótimo Fiesta 1.4 16V Zetec, até então, na minha opinião, o melhor Fiesta nacional – e o primeiro, lançado em 1996.

O motorzinho de 90 cv levava o pequeno Fiesta a mais de 140 km/h com imensa facilidade, sem emitir ruído.

Mas chega de saudosismo e vamos deixar o Fiesta 96 para lá, porque ainda temos muito que falar do modelo 2014.

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Além da boa dobradinha formada pelo conjunto motor-câmbio, a direção elétrica também está bem calibrada. Em manobras de estacionamento, é bem leve, mas fica firme à medida que a velocidade aumenta.

Nessa situação, é precisa e tem respostas diretas. O volante revestido de couro também tem bom acabamento, e traz os comandos de som e telefonia ao alcance da mão esquerda.

Do outro lado estão as teclas do controle de velocidade. Um botão do lado esquerdo também permite conversar com a mulher do Sync, o sistema de controle multimídia da Ford, desenvolvido em parceria com a Microsoft.

Ele é bem intuitivo, e faz com facilidade o pareamento de celular. Outra coisa legal é o assistente de partida em rampas, uma das melhores invenções da humanidade.

Ela impede que o carro volte quando você vai sair em subidas íngremes.

A suspensão também deixa o carro firme nas curvas, sem ser desconfortável. Colaboram os pneus 195/50, calçados em belas rodas aro 16, nessa versão.

Nas curvas, o modelo passa muita confiança, com boa estabilidade e sem excesso de inclinação da carroceria. O conjunto torna a condução bem prazerosa.

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Sem tanquinho

O modelo também dispensou o tanque auxiliar. O New Fiesta traz o sistema batizado de Easy Start.

Por meio de velas aquecedoras, o dispositivo esquenta o combustível no momento em que o motorista abre a porta, desde que a temperatura ambiente esteja abaixo de 20°C e o tanque contenha etanol.

A única coisa que incomoda um pouco é o defletor de ar existente abaixo do para-choque dianteiro. É uma pequena aba (presente tanto no New Fiesta como no Fusion), que raspa com alguma facilidade em valetas um pouco mais fundas.

Outra coisa que poderia ser melhorada num veículo desse preço é que os espelhos dos para-sóis não têm iluminação. Afora isso, na unidade avaliada a tampa traseira só fechava se você batesse com força, tipo cortada em jogo de vôlei.

Caso eu tentasse fechá-la de forma civilizada, a mensagem de tampa aberta aparecia no visor no centro do painel. Não sei se é caso de regulagem, mas acaba incomodando um pouco.

Mas são falhas menores num carro que vem bem completo.

A versão Titanium tem controle de tração, sete airbags (frontais, laterais, cortina e joelhos, do lado do motorista), bancos de couro, rodas de 16 polegadas, ar-condicionado digital, sensores de estacionamento, chuva e luminosidade, etc.

Para finalizar, o espaço também é bom. Pessoas não se apertam nem na frente nem atrás, e o porta-malas para 281 litros também está de bom tamanho para um hatch compacto.

Ford New Fiesta 2014 – Ficha Técnica

Carroceria

Hatch 5 portas

Motor

Ford Sigma 1.6 16V TiVCT Flex
Número e disposição dos cilindros: 4 em linha
Diâmetro do cilindro: 79,0 mm
Curso dos êmbolos: 81,4 mm
Deslocamento: 1.6 (1.597 cm³)
Potência: 130 cv a 6.500 rpm (etanol) 125 cv a 6.500 rpm (gasolina)
Torque: 157 Nm a 5.000 rpm (etanol) 151 Nm a 4.250 rpm (gasolina)
Rotação de marcha lenta: 780 rpm
Rotação máxima: 6.720 rpm
Relação de compressão: 12,0:1

Transmissão

Manual
Número de marchas: 5 à frente e ré
Relação de marchas:
1ª: 3,917:1
2ª: 2,429:1
3ª: 1,436:1
4ª: 1,021:1
5ª: 0,867:1
6ª: 0,702:1
Ré: 3,507:1
Relação final
Para 1ª, 2ª, 5ª e 6ª: 4,105:1
Para 3ª, 4ª e ré: 4,588:1

Desempenho

Aceleração 0–100 km/h (s): 12,3 (gasolina)/ 12,1 (álcool)
Velocidade máxima: 190 km/h

Consumo (km/l)

Cidade (NBR 6601): 11,4 (gasolina)/ 7,9 (etanol)
Estrada (NBR 7024): 13,9 (gasolina)/ 9,9 (etanol)
(Números ajustados com base no CONPET)

Capacidades

Peso do veículo em ordem de marcha (kg): 1.153
Capacidade de carga (kg): 402

Fotos Fábio Aro

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Autor: Hairton Ponciano Voz

Quando começou a escrever sobre carros, ainda não se falava em injeção eletrônica, e vidro elétrico era coisa de rico. Em mais de 30 anos divididos entre testes de pista e as principais redações do país, Hairton Ponciano Voz já viu muito, mas tem certeza de que ainda não viu tudo. É por isso que continua encarando cada avaliação com a curiosidade de sempre. Afinal, a tecnologia não para.