O câmbio manual, símbolo de conexão entre homem e máquina no mundo automotivo, está cada vez mais próximo de desaparecer dos carros da Hyundai.
Segundo Tyrone Johnson, chefe do Centro Técnico da Hyundai Motor Europa, a demanda por esse tipo de transmissão está tão baixa que manter sua produção não faz mais sentido.
Ele afirmou que “ninguém mais quer câmbio manual”, junto de outras tecnologias que ficaram para trás, como os freios de mão tradicionais e comandos analógicos no painel.
Johnson, que acumula décadas de experiência em carros de alto desempenho e trabalhou em projetos lendários da Ford como o Focus RS e o Mustang Cobra, é hoje uma das mentes por trás do desenvolvimento de veículos para Hyundai, Kia e Genesis na Europa.
Mesmo com todo o histórico ligado a carros esportivos movidos a gasolina, ele vê o futuro nos elétricos e defende com entusiasmo essa nova fase. Para ele, a entrega instantânea de torque dos motores elétricos torna o câmbio manual algo obsoleto e até desnecessário.
O exemplo usado por Johnson é o Ioniq 5 N, EV esportivo que simula até mesmo mudanças de marcha com a tecnologia chamada N e-shift.
Com esse recurso, o carro oferece sons artificiais e vibrações que buscam imitar a sensação de guiar um carro tradicional, mas sem a complexidade mecânica.
E essa experiência, segundo ele, é tão empolgante quanto – ou até mais – do que dirigir um esportivo a combustão.
Apesar disso, a resistência entre os entusiastas ainda existe. Embora a maioria das marcas de luxo como Ferrari e Lamborghini já tenham deixado o câmbio manual no passado, há um movimento crescente que pede a volta de comandos físicos e experiências mais analógicas.
Prova disso é que a Ferrari voltou a incluir botões táteis no novo Amalfi, sucessor do Roma, atendendo a pedidos de motoristas que rejeitam o excesso de telas e comandos digitais.
Ainda que a Hyundai esteja próxima de dizer adeus ao câmbio manual em seus últimos modelos como Elantra N e i30 N, esse tipo de transmissão pode sobreviver nas mãos de fabricantes menores, voltadas a um público mais purista.
Além disso, os apaixonados por marchas sempre terão a opção dos clássicos, que continuarão sendo restaurados, guiados e admirados por quem vê no ato de trocar marchas uma arte em extinção.
Enquanto isso, a Hyundai investe pesado em simulações digitais para compensar a perda dessa interação mecânica.
O futuro parece inevitável, mas a nostalgia ainda é combustível para uma parcela fiel de motoristas que não abrem mão da conexão direta com seus carros.
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