Elon Musk pode até afirmar que pretende seguir no comando da Tesla pelos próximos anos, mas os números recentes do mercado europeu colocam essa permanência em xeque.
Com quedas sucessivas nas vendas e um novo Model Y sendo ignorado por consumidores, a situação da marca no Velho Continente se agrava — e rapidamente.
De acordo com dados preliminares da consultoria Dataforce, divulgados pela AutoNews Europe, as vendas da Tesla na Europa caíram 38,7% até abril de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Foram 62.313 unidades vendidas, contra 101.677 no ano passado.
O cenário é ainda mais preocupante quando se analisa apenas o mês de abril: foram 7.908 unidades comercializadas, contra 14.696 em abril de 2024 — uma queda de 46,2%.
Até mesmo os modelos mais emblemáticos da marca, como o Model Y e o Model 3, registraram retrações expressivas.
O Model Y, que passou por uma recente atualização e é o carro mais vendido da Tesla no mundo, caiu de 9.704 unidades em abril de 2024 para apenas 4.743 neste ano — um tombo de 51,1%.
Já o Model 3 vendeu 3.094 unidades, contra 4.768 um ano antes, retração de 35,1%.
O argumento anterior da Tesla, de que a queda nas vendas do Model Y se devia à transição de produção para a nova geração, não se sustenta mais.
A própria empresa já confirmou que a mudança foi concluída, o que evidencia que o problema é de aceitação do mercado, não de fornecimento.
Mesmo os modelos de menor volume, como Model S e Model X, sofreram reduções drásticas. Juntos, eles venderam apenas 69 unidades em abril, contra 224 no mesmo mês de 2024 — uma queda de impressionantes 69,1%.
O mais alarmante é que essa queda não acompanha uma retração geral no mercado europeu.
Pelo contrário: o mercado de carros eletrificados na Europa está crescendo.
Em abril, os veículos totalmente elétricos (EVs) registraram alta de 28% nas vendas, os híbridos convencionais cresceram 16% e os híbridos plug-in avançaram 12%. Já os carros a gasolina caíram 7,2% e os a diesel despencaram 19%.
Ou seja, enquanto o mercado europeu se mostra cada vez mais aberto à eletrificação, a Tesla está perdendo espaço em um território que, há poucos anos, era considerado estratégico para sua expansão global.
E não se trata apenas de concorrência tradicional: novas marcas, como BYD e outras chinesas, estão conquistando consumidores com EVs mais acessíveis e atualizados.
A abordagem atual da Tesla parece ser a de manter a calma e insistir no plano existente.
Mas diante de quedas tão expressivas e de uma concorrência cada vez mais feroz, não está claro por quanto tempo essa estratégia poderá ser sustentada. E, se os resultados não melhorarem, o próprio comando de Musk na empresa poderá ser colocado em xeque pelos acionistas.
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