
A longa parceria entre Nissan e Renault, que já foi um dos pilares mais emblemáticos da indústria automotiva global, está prestes a perder mais um elo.
Em meio a um cenário desafiador de negócios, a Nissan está se preparando para vender uma parte de sua participação na montadora francesa, movimento que simboliza um novo capítulo — menos integrado — na relação entre as duas empresas.
Segundo o CEO Ivan Espinosa, a Nissan pretende reduzir sua fatia na Renault dos atuais 15% para 10%.
Essa mudança, embora esperada desde o anúncio feito em março de 2024 sobre a revisão da aliança, ganha agora contornos práticos: a venda de 5% das ações pode render cerca de 100 bilhões de ienes, o equivalente a aproximadamente 640 milhões de dólares.
O destino desse valor, segundo Espinosa, é claro: investimentos urgentes no desenvolvimento de novos veículos.
A Nissan vive um momento de forte pressão competitiva, especialmente em mercados como o chinês e o europeu, onde suas linhas de produtos têm sido ofuscadas por rivais mais rápidos e inovadores.
“Estamos diminuindo a participação cruzada para investir em veículos”, declarou o executivo ao jornal japonês Nikkei.
Apesar disso, a montadora japonesa garantiu que o acordo de cooperação firmado com a Renault permanece em vigor.
Em nota oficial, a Nissan afirmou que ainda não há decisão definitiva sobre a venda das ações, mas confirmou que, caso ela ocorra, os recursos serão prioritariamente aplicados no desenvolvimento de produtos.
Esse possível movimento sinaliza uma continuidade do processo de distanciamento iniciado oficialmente em 2023, quando a aliança Renault-Nissan passou por uma reestruturação profunda.
Na ocasião, a Renault colocou sua participação na Nissan — que antes era de 43% — em um fundo fiduciário francês, com o objetivo de gradualmente reduzi-la e igualar os termos da relação.
O novo acordo previa que ambas mantivessem um mínimo de 10% de participação uma na outra, com direito mútuo de preferência em eventuais vendas de ações.
O anúncio da Nissan coincide com outro momento turbulento para a Renault: a inesperada saída de Luca de Meo do cargo de CEO da montadora francesa, anunciada no último domingo.
O executivo deixará a Renault para assumir uma posição fora do setor automotivo, levantando ainda mais dúvidas sobre a estabilidade e o futuro da empresa.
Mais do que uma simples transação financeira, a venda parcial das ações da Renault marca o possível encerramento de um ciclo.
Iniciada nos anos 1990, a aliança franco-japonesa atravessou diversas fases — desde o resgate da Nissan à beira da falência até as tensões internas causadas por Carlos Ghosn.
Agora, com ambas as marcas buscando novos caminhos estratégicos, o laço histórico vai sendo desfeito em silêncio, mas com grande impacto para a indústria global.
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