A situação financeira da Nissan já não é mais um segredo na indústria automotiva.
A montadora japonesa está vivendo uma fase crítica e decidiu que é hora de agir com medidas drásticas — mesmo que isso signifique cortar na própria carne.
Funcionários nos Estados Unidos começaram a receber ofertas de desligamento voluntário, aumentos salariais por mérito foram suspensos em todo o planeta e um corte de empregos em larga escala está no horizonte.
O objetivo? Tentar salvar uma das marcas mais tradicionais do setor da falência.
A reestruturação, batizada de “Re:Nissan”, foi confirmada por um comunicado interno revelado nesta semana.
Nos Estados Unidos, o impacto já começou a ser sentido: a fábrica de Canton, no Mississippi, é uma das primeiras afetadas.
Lá, os trabalhadores estão sendo convidados a aceitar pacotes de desligamento, assim como funcionários de áreas administrativas como finanças, planejamento, recursos humanos e tecnologia da informação.
A liderança da Nissan afirma que as decisões são “estratégicas e limitadas”, mas já deixaram o clima entre os trabalhadores em total incerteza.
Christian Meunier, CEO da Nissan Américas, tentou justificar as ações dizendo que elas são “cruciais para o retorno da Nissan ao caminho certo”.
Mas, nos bastidores, o cenário é de contenção desesperada de danos.
Além dos cortes de pessoal, a empresa já congelou todos os reajustes salariais para o atual ano fiscal, o que afeta trabalhadores em todas as regiões onde a marca atua.
O plano Re:Nissan não para por aí. A montadora anunciou que irá encerrar as atividades em 7 de suas 17 fábricas ao redor do mundo.
Duas delas estão no Japão, e outra na Tailândia, embora mais unidades estejam sob análise. A produção de picapes será concentrada no México, encerrando operações também na Argentina.
A estimativa é que 20 mil empregos sejam eliminados até o fim do processo.
Como se isso não fosse alarmante o suficiente, a Nissan já colocou até a própria sede, em Yokohama, à venda. O edifício, símbolo da companhia, está avaliado em cerca de 100 bilhões de ienes, ou cerca de 698 milhões de dólares.
A venda deverá acontecer até março de 2026, segundo fontes ligadas à diretoria.
A Nissan também pretende reduzir o custo médio por funcionário em 20%, diminuir em 70% a complexidade de peças usadas na fabricação dos veículos e cortar o número de plataformas de 13 para apenas 7 até 2035.
É uma tentativa de racionalizar custos, simplificar operações e tentar manter a empresa respirando.
Tudo isso mostra que a Nissan está longe de sair do buraco. A montadora enfrenta uma tempestade que mistura má gestão, pressão do mercado global e queda na demanda. E quem paga a conta, como sempre, são os trabalhadores.
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