
Os tempos estão duros para quem quer trocar de carro, no mundo todo, e os números mais recentes do primeiro trimestre de 2025, dos Estados Unidos, não deixam dúvidas: os consumidores estão indo cada vez mais longe para caber no orçamento de um veículo novo.
Com os preços nas alturas, juros elevados e agora o impacto das tarifas de importação, a realidade do mercado automotivo é de aperto – e não há sinal de alívio à vista.
Segundo dados da Edmunds, os compradores estão esticando seus financiamentos como nunca. A porcentagem de pessoas que optaram por parcelar seus veículos em longos 84 meses (sete anos) chegou a 19,8% no primeiro trimestre deste ano.
Para efeito de comparação, esse número era de 13,4% no mesmo período de 2019. Ao mesmo tempo, financiamentos de curto prazo (até 48 meses) também cresceram, passando de 7,1% para 10,2% entre 2019 e 2025.
A tendência é clara: mesmo com prestações acima dos mil dólares mensais, os compradores estão dispostos a assumir dívidas mais longas. Em média, os americanos financiaram 41.473 dólares por veículo neste início de ano, valor superior aos 40.427 dólares registrados em 2024.

E as taxas de juros, que seguem altas em 7,1% ao ano, continuam sendo um obstáculo. Financiamentos com juros zero, por exemplo, representaram apenas 1,1% das transações.
A entrada média também diminuiu, indicando que os consumidores estão colocando menos dinheiro à vista. Em 2025, o valor caiu para 6.511 dólares, frente aos 6.856 dólares registrados no quarto trimestre do ano passado.
Para piorar, a recente tarifa de 25% imposta pelo governo Trump sobre carros e peças importadas promete deixar os preços ainda mais salgados.
Jessica Caldwell, diretora de insights da Edmunds, resumiu bem a situação: “Quando um em cada cinco compradores está optando por um financiamento de sete anos, fica evidente como os consumidores ainda estão financeiramente no limite”.
Ela alerta que o impacto das tarifas pode ser ainda mais profundo: “Essas medidas podem acirrar a crise, tornando os carros novos inacessíveis para uma parcela ainda maior da população.”
Há, no entanto, algumas propostas em discussão que poderiam trazer alívio. Uma delas é a dedução dos juros pagos em financiamentos de veículos fabricados nos Estados Unidos no imposto de renda – uma ideia sugerida por Trump.
Na teoria, isso poderia reduzir o peso das parcelas mensais para quem está comprando modelos produzidos em solo americano.
O problema? Faltam definições claras sobre o que será considerado “produzido nos EUA”, quem teria direito ao benefício e como isso seria aplicado na prática.
Enquanto tudo isso não se resolve, os veículos usados continuam sendo uma alternativa cada vez mais atraente.
Com menos impostos, preços mais acessíveis e menos dependência de financiamentos longos, eles podem representar o caminho mais viável para quem ainda precisa de um carro, mas não quer comprometer o futuro financeiro.

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