
Em meio a uma crise de escassez de motoristas, pressões regulatórias e avanços na automação, o setor de transporte rodoviário dos Estados Unidos acaba de ganhar mais uma preocupação urgente: o domínio da língua inglesa.
A partir de agora, motoristas de caminhões que não souberem ler e escrever em inglês poderão ser proibidos de dirigir.
Embora a exigência não seja exatamente nova — desde 2001, a legislação já previa que condutores com carteira comercial (CDL) deveriam ser capazes de se comunicar em inglês com o público e entender placas de trânsito —, a regra havia sido flexibilizada durante o governo Obama.
Na prática, isso permitiu que muitos motoristas com inglês limitado continuassem na ativa. Agora, a gestão Trump decidiu inverter essa direção.

Uma nova ordem executiva assinada por Trump determina que todos os motoristas comerciais passem por testes de alfabetização em inglês. Aqueles que não forem aprovados serão automaticamente retirados de circulação.
Segundo o texto da medida, “a proficiência no inglês deve ser um requisito inegociável de segurança para motoristas profissionais.
Eles precisam compreender sinais de trânsito, comunicar-se com a patrulha rodoviária, postos de pesagem, fiscais agrícolas e também com empregadores e clientes”.
A medida já está sendo implementada pelo Departamento de Transporte, que ordenou à Commercial Vehicle Safety Alliance (CVSA) que adote o novo padrão de avaliação.

Curiosamente, a própria CVSA havia votado anteriormente pela retirada da exigência do inglês, alegando não haver provas concretas de que a proficiência no idioma impactasse diretamente na segurança viária.
As reações à nova regra dividem opiniões.
Segundo levantamento citado pela Freight Waves, apenas cerca de 10% dos comentários recebidos pelo Departamento de Transporte em uma consulta pública recente defenderam a obrigatoriedade do inglês, sendo a maioria formada por caminhoneiros autônomos.
Já o secretário de Transportes, Sean P. Duffy, foi categórico:
“A lei federal é clara. Um motorista que não consegue ler ou falar inglês suficientemente não está qualificado para operar um veículo comercial nos Estados Unidos. Esse padrão de bom senso nunca deveria ter sido abandonado.”
No entanto, nem todos enxergam essa medida como uma solução.
Em um setor já pressionado pela falta de mão de obra, especialistas se perguntam se essa exigência irá realmente aumentar a segurança nas estradas ou apenas reduzir ainda mais o número de profissionais disponíveis.
De um lado, defensores da medida argumentam que a comunicação eficiente é essencial em emergências e para o cumprimento das leis de trânsito. De outro, críticos apontam que a exigência pode ser usada para restringir o acesso de motoristas imigrantes ao mercado.
Independentemente do lado em que se esteja, o fato é que as empresas de transporte agora enfrentam mais um desafio regulatório.
E os aspirantes à vida nas estradas terão que não apenas conhecer a mecânica de um caminhão, mas também dominar o idioma de forma clara e eficaz.
Resta saber se, no final das contas, essa barreira linguística vai trazer mais segurança — ou apenas deixar mais caminhões parados nos pátios.

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