
Nos bastidores da indústria automotiva chinesa, uma brecha usada por exportadores finalmente chegou ao fim.
Durante anos, empresas aproveitaram uma zona cinzenta na legislação para enviar carros zero quilômetro ao exterior sob o rótulo de veículos usados, evitando regulamentações mais rígidas e controles de qualidade.
Agora, o governo chinês decidiu intervir com força.
A partir de novas diretrizes emitidas pelo Ministério do Comércio, modelos registrados há menos de 180 dias só poderão ser exportados mediante comprovação de dois critérios rigorosos: capacidade de oferecer assistência técnica no destino final e autorização expressa do fabricante do veículo.
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Sem esses documentos, nenhuma licença de exportação será concedida, segundo reportagem da Bloomberg.
A medida visa apertar o controle sobre as remessas de veículos e coibir práticas que possam gerar problemas de reputação ou desrespeito às normas dos países importadores.
O comunicado oficial destaca o risco de que produtos com falhas cheguem a mercados estrangeiros sem suporte técnico adequado, o que pode prejudicar a imagem das marcas e da indústria nacional.
Governos locais também foram acionados para reforçar a fiscalização.
As autoridades terão que manter cadastros de empresas que descumprirem as novas regras e verificar a autenticidade das informações fornecidas durante o processo de exportação.
O movimento faz parte de uma estratégia mais ampla para reorganizar o setor automotivo chinês, que vem enfrentando críticas por práticas agressivas, como descontos extremos, e precisa equilibrar sua capacidade de produção com a real demanda.
Além disso, as regras têm como alvo os chamados “carros de zero quilômetro com registro”, que muitas vezes são utilizados para inflar os números de vendas das fabricantes.
Algumas companhias chegavam a despachar veículos a intermediários, registrando a entrega como venda concluída antes mesmo que o modelo fosse adquirido por um consumidor final.
A exportação de EVs por meio de categorias pouco fiscalizadas também vinha crescendo nos últimos anos, impulsionada pela busca internacional por modelos mais acessíveis e pela saturação do mercado doméstico.
Ao exigir comprovação de estrutura de pós-venda no país de destino, o governo tenta garantir que esses veículos — especialmente os elétricos — cheguem ao exterior com suporte mínimo e respeito às regras locais, evitando incidentes técnicos e polêmicas regulatórias.
Essa não é a primeira ação de Pequim para conter abusos na indústria automotiva.
Recentemente, foram anunciadas restrições a promoções agressivas, exigências de design padronizado para componentes como maçanetas e até a necessidade de permissões especiais para exportar EVs.
A China quer mudar a imagem de que seus carros são sinônimo de preços baixos e pouca durabilidade. Ao eliminar brechas como a dos “usados de fachada”, o país tenta reforçar o controle de qualidade e ganhar credibilidade nos mercados internacionais.
Com uma frota crescente de modelos elétricos e híbridos encalhada no território nacional, as exportações se tornaram válvula de escape para o excesso de produção.
Agora, com mais barreiras no caminho, empresas terão que se adaptar a uma nova era de responsabilidade e transparência nas vendas externas.
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