
Em meio a um dos mercados automotivos mais disputados do mundo, a Nissan pode finalmente ter encontrado uma saída para sua fase turbulenta.
Com um preço inicial de aproximadamente R$ 95 mil, o sedã elétrico N7 acaba de alcançar a marca impressionante de 17.215 pedidos em apenas 35 dias após o lançamento na China.
Mas será que essa arrancada inicial será suficiente para enfrentar o tsunami de lançamentos e cortes de preços promovidos por gigantes como a BYD?
O N7 é fruto da parceria da Nissan com a Dongfeng, e vem sendo apresentado como a principal aposta da montadora japonesa para reconquistar o consumidor chinês.

Lançado oficialmente em 28 de abril, o modelo alcançou 10 mil encomendas em apenas 18 dias — um recorde para um veículo elétrico de uma joint venture no país.
Com visual moderno, dimensões generosas e recheado de tecnologia, o N7 quer conquistar quem ainda está em dúvida entre um elétrico e um carro a combustão.
Ele mede 4,93 metros de comprimento, ou seja, é ligeiramente maior que um Tesla Model 3.
Está disponível em cinco versões, com baterias LFP de 58 kWh ou 73 kWh, que entregam até 625 km de autonomia no ciclo chinês CLTC — o que, mesmo considerando certa margem de otimismo, continua sendo um número bastante competitivo.

No interior, o N7 não decepciona.
Além de painel moderno, central multimídia e materiais de acabamento atualizados, o modelo oferece um sistema de direção semiautônoma desenvolvido pela Momenta, com promessa de assistência em alta velocidade, estacionamento automático em múltiplos cenários e outros recursos de condução inteligente.
E, para completar, ainda traz uma geladeira inteligente embutida — um mimo raro mesmo entre os elétricos premium.
Mesmo com esses atrativos, o cenário não é simples. A Nissan, que passa por uma reestruturação global e já anunciou o corte de 20 mil empregos, enfrenta uma concorrência brutal na China.

A BYD, por exemplo, lançou recentemente o Qin L EV, um sedã com proposta semelhante e preço praticamente idêntico, que vendeu mais de 10 mil unidades em sua primeira semana.
Além disso, outras montadoras japonesas também tentam encontrar seu espaço. A Mazda, que amarga quedas sucessivas na China, viu sua sorte virar com o EZ-60, um SUV elétrico que já acumula mais de 20 mil encomendas.
Outro ponto a ser observado é o formato das encomendas: muitas montadoras na China consideram como “pedido” aquelas reservas feitas com depósitos não reembolsáveis, mas que ainda podem ser canceladas em poucos dias.
Ou seja, os números iniciais de vendas podem ser ilusórios e não refletirem necessariamente o sucesso comercial real do modelo.

Seja como for, o N7 representa um esforço genuíno da Nissan para se reposicionar num mercado que está anos-luz à frente na corrida pelos EVs.
Mas, para sobreviver nesse ambiente implacável, a marca terá que fazer muito mais do que oferecer bom custo-benefício — terá que provar, dia após dia, que consegue acompanhar o ritmo da inovação chinesa.

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