
Enquanto a indústria automotiva acelera rumo aos carros elétricos a bateria, a Toyota segue na contramão — ou melhor, no caminho do hidrogênio.
Mesmo com vendas em queda livre e infraestrutura quase inexistente, a marca japonesa confirmou que manterá o sedã Mirai em linha para 2026.
O modelo, vendido apenas na Califórnia, acumulou meras 147 unidades vendidas até o terceiro trimestre de 2025, uma queda de 54% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Ainda assim, a Toyota não desistiu.
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A versão 2026 manterá o preço inicial de US$ 51.795 (cerca de R$ 279 mil) e ganhará novas rodas de 19 polegadas com acabamento preto usinado.

Mas é no pacote de incentivos que a montadora realmente aposta.
Embora ainda não tenha divulgado promoções específicas para o novo ano-modelo, a Toyota tem oferecido condições extremamente agressivas nos últimos anos: já houve casos de descontos de até 70% e financiamento com juros zero em 72 meses.
No momento, quem comprar o Mirai pode escolher entre receber US$ 15 mil (cerca de R$ 81 mil) em combustível de hidrogênio ou abastecimento gratuito por seis anos.
Quem optar pelo leasing recebe três anos de combustível incluído no contrato.

Como o carro praticamente não pode sair da Califórnia, o pacote inclui também 21 dias de aluguel gratuito de veículos a combustão nos três primeiros anos de uso.
O Mirai usa célula de combustível a hidrogênio para gerar eletricidade, com emissão zero de poluentes — apenas vapor d’água sai do escapamento.
O sistema é eficiente e prático: são necessários cerca de cinco minutos para encher os tanques, e a autonomia chega a 402 milhas (cerca de 647 km), segundo dados da EPA.
A tecnologia funciona bem, mas enfrenta uma barreira quase intransponível: infraestrutura.

Nos Estados Unidos, existem apenas 56 postos de hidrogênio em operação — 49 deles na Califórnia. E, desses, 45 estão concentrados entre São Francisco e Los Angeles.
A situação piora com o fechamento de estações por grandes operadoras, como a Shell, que já está encerrando projetos de hidrogênio no país.
A instalação de novos pontos de abastecimento é cara e lenta, o que torna a expansão da rede pouco viável.
Enquanto isso, os veículos elétricos a bateria se beneficiam de uma rede consolidada: são mais de 83 mil estações de recarga públicas nos EUA, sem contar os carregadores domésticos que a maioria dos donos de EVs utiliza em casa.
Mesmo assim, a Toyota segue apostando em sua proposta alternativa.
A marca argumenta que os carros a hidrogênio são mais leves, dispensam baterias gigantescas e oferecem tempos de recarga semelhantes aos dos veículos a gasolina.
Ainda que o Mirai tenha recebido um visual mais tradicional em sua segunda geração, lançada em 2020, o modelo continua sendo um nicho extremamente limitado — geográfica e comercialmente.
Para muitos analistas, manter o Mirai no mercado parece mais um ato de insistência ideológica do que uma decisão racional de mercado.
Mas, para a Toyota, vale a pena defender até o fim sua visão de futuro, mesmo que o presente diga o contrário.
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