A dura realidade da desvalorização dos supercarros não é novidade, mas alguns casos ainda conseguem surpreender — e o mais recente envolve uma Ferrari SF90 praticamente nova, que viu seu valor despencar de forma inacreditável após rodar menos de 300 km.
A SF90 é um marco dentro da própria Ferrari. Lançada como sucessora espiritual da LaFerrari em termos de desempenho, embora com preço (teoricamente) mais acessível, o modelo é um dos carros mais rápidos já produzidos pela marca italiana.
Mesmo com toda essa credencial, ele não escapou da brutalidade do mercado de usados.
O exemplar em questão foi comprado por US$ 704.250, valor que ainda não inclui os US$ 15 mil adicionais pagos por um filme protetor de pintura em acabamento acetinado.
Após rodar apenas 185 milhas — cerca de 298 km — o supercarro foi vendido em um leilão online por US$ 579 mil.
Isso representa uma perda de US$ 125 mil ou, considerando o custo do PPF, um prejuízo total de US$ 140 mil. Em outras palavras, o antigo dono “pagou” entre US$ 675 e US$ 757 por cada milha percorrida.
Parte do valor elevado do SF90 vem da personalização extrema, algo típico dos carros da Ferrari.
Só de opcionais extras, o veículo em questão acumulava US$ 47.585.
Entre os itens escolhidos estavam pintura Bianco Avus, difusor traseiro de fibra de carbono (US$ 11.812), tampa do motor no mesmo material (US$ 7.931), tampa do porta-malas traseiro (US$ 7.593), apliques sob as portas (US$ 8.606), além de radar traseiro por US$ 2.767.
Ainda compunham o pacote pinças de freio amarelas, suspensão com lift no eixo dianteiro, escapamento com saídas pretas, retrovisor eletrocrômico, parafusos de roda de titânio, Apple CarPlay e os tradicionais escudos da Scuderia Ferrari.
O interior é igualmente refinado, com bancos de competição revestidos em couro vermelho Rosso Ferrari e muitos detalhes em fibra de carbono espalhados pelo volante, paddle shifts e console central.
Apesar de todo esse luxo, tecnologia e performance de sobra — que inclui quase 1.000 cv graças a um conjunto híbrido plug-in — o mercado parece não ter dado o mesmo valor a um carro com apenas alguns quilômetros rodados.
A verdade é que, fora edições limitadas como o LaFerrari ou o SF90 XX Spider, modelos superesportivos perdem valor de forma vertiginosa assim que saem da concessionária, principalmente quando surgem rumores de uma nova geração no horizonte.
Fontes internacionais já sugerem que a Ferrari trabalha em um sucessor direto para o SF90, o que pode ter ajudado a empurrar os preços para baixo.
Com o lançamento do F80 — futuro novo topo de linha da marca — cada vez mais próximo, o SF90 pode estar sendo ofuscado até mesmo dentro de Maranello.
O caso desta SF90 não é um ponto fora da curva, mas uma lembrança de que nem todo carro de milhões escapa da matemática fria do mercado.
E para quem pensa em comprar um superesportivo, vale lembrar: nem sempre luxo e exclusividade são sinônimo de investimento.
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