O excesso de tecnologia virou um problema: Carros cheios de firulas estão afastando os compradores

porsche 911 targa 4
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O debate sobre como os carros estão cada vez mais caros ganhou um novo capítulo com a crescente crítica ao chamado “feature creep” – o acúmulo excessivo de recursos e tecnologias em veículos que, muitas vezes, os compradores nem querem ou precisam.

A situação se tornou especialmente delicada no momento atual dos Estados Unidos, em que a inflação, os juros elevados, os altos custos de seguro e até o preço das peças e revisões colocam mais pressão sobre o bolso do consumidor médio.

Nesse cenário, quem busca um carro entre US$ 25 mil e US$ 35 mil está cada vez mais atento ao custo-benefício, e não disposto a pagar por itens supérfluos.

Dados de pesquisas de mercado mostram que, entre os consumidores dessa faixa de preço, o interesse por itens como bancos de couro, teto solar panorâmico, sistema de som premium ou painéis digitais totalmente configuráveis é bem menor do que se imagina.

alfa romeo tonale (5)
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Bancos de couro, por exemplo, são prioritários para apenas 11% dos compradores dessa categoria, enquanto recursos como head-up display ou iluminação ambiente personalizada têm ainda menos apelo.

Já características práticas, como tração dianteira, bancos de tecido com ajustes manuais, ar-condicionado simples e central multimídia com o básico do Android Auto ou Apple CarPlay, são mais valorizadas.

O problema é que, em boa parte dos casos, esses itens mais sofisticados vêm empacotados junto com outros componentes em versões ou pacotes superiores, forçando o consumidor a pagar mais para obter algo que poderia ser vendido separadamente.

O resultado é um carro com vários recursos que o proprietário talvez jamais use, mas que elevaram significativamente o preço final.

nissan qashqai epower 2026 3
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Esse acúmulo de itens também tem origem na própria estratégia das montadoras . Hoje em dia, poucos carros são encomendados conforme a especificação exata do comprador.

A maioria é enviada para as concessionárias com pacotes padronizados que tentam agradar a um público amplo. Isso facilita a produção e reduz custos logísticos, mas cria o efeito colateral de veículos inchados com tecnologias desnecessárias.

Diante do cenário atual, especialistas do setor apontam que pode ser hora das montadoras revisitarem a forma como constroem suas versões de entrada e intermediárias.

Isso significa rever pacotes e simplificar os catálogos, oferecendo mais opções com equipamentos básicos, voltadas ao comprador consciente que deseja um carro funcional, confiável e acessível — sem abrir mão da segurança, mas sem pagar a mais por conforto ou sofisticação que não fazem parte de sua realidade.

A indústria automotiva, que por décadas apostou na elevação do padrão de luxo até nas versões populares, agora se vê diante da necessidade de voltar às origens: construir carros simples, duráveis e com o essencial.

Afinal, se os consumidores estão cada vez mais racionais em suas escolhas, insistir em empurrar recursos desnecessários pode custar vendas. E no atual cenário econômico, perder compradores por não oferecer versões básicas é um luxo que nenhuma marca pode se dar.



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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.