A promessa de que os robô-táxis revolucionarão o transporte e tornarão as cidades melhores para todos está longe de ser realidade – e, para muitos críticos, parece mais uma visão distorcida do futuro.
Uma publicação do site Jalopnik, baseada em um longo vídeo do Youtube, traz a dúvida sobre se esse ideia é realmente boa, e se vai mesmo melhorar a vida e o trânsito nas cidades grandes.
Elon Musk e outros gigantes do setor sugerem que esses veículos autônomos estão “logo ali na esquina”, mas a realidade é muito mais complicada.
O vídeo abaixo, em inglês, aborda o assunto profundamente:
Mesmo com um investimento estimado em US$ 160 bilhões até agora, o setor ainda enfrenta grandes obstáculos, especialmente em termos de segurança e adaptação às necessidades reais das cidades.
De fato, a ideia de que uma frota de carros autônomos solucionaria problemas urbanos esbarra em diversos pontos críticos.
Primeiro, há a questão da infraestrutura das cidades. Para que os robô-táxis operem de forma eficiente, seria necessário atualizar frequentemente os sistemas para lidar com mudanças urbanas, como redesenho de vias e interseções, que muitas vezes buscam tornar as áreas mais seguras e agradáveis para pedestres e ciclistas.
No entanto, isso abriria portas para que empresas de tecnologia influenciassem as decisões urbanísticas, pressionando para priorizar os robô-táxis em detrimento de melhorias para os residentes.
Outro ponto de atenção é a promessa de redução de congestionamento. Embora os carros autônomos sejam mais eficientes que motoristas humanos, há evidências que mostram que sempre que o transporte se torna mais barato e conveniente, as pessoas tendem a viajar mais e a percorrer distâncias maiores.
Isso aconteceu com o surgimento de aplicativos como Uber e Lyft, e poderia ocorrer de novo com os robô-táxis, potencialmente exacerbando o trânsito ao invés de reduzi-lo.
Embora os robô-táxis teoricamente possam estacionar longe e só se deslocarem quando chamados, a realidade urbana é outra. Para que as empresas sejam competitivas, é provável que mantenham os carros o mais próximo possível dos centros, priorizando a conveniência do usuário.
Isso, porém, coloca mais veículos nas áreas centrais das cidades, onde o tráfego já é intenso, além de favorecer um aumento da expansão urbana.
O resultado seria um cenário onde as cidades ficam mais esparsas, forçando os residentes a percorrerem grandes distâncias para chegar ao trabalho ou acessar serviços, o que só reforça os problemas de mobilidade urbana.
Esse modelo também impacta as finanças públicas. Muitas áreas suburbanas e rurais, que cresceriam ainda mais com a comodidade dos robô-táxis, enfrentam sérias dificuldades para cobrir os custos de infraestrutura básica, como redes de água e eletricidade.
Isso leva a um acúmulo de dívidas municipais, criando uma pressão econômica constante sobre essas comunidades.
Em resumo, mesmo que os robô-táxis estivessem prontos para rodar com segurança em um futuro próximo, o impacto deles sobre a infraestrutura, o trânsito e o desenvolvimento urbano levanta questões complexas.
Em vez de melhorar as cidades, esses veículos podem acabar reforçando desafios que afetam tanto a sustentabilidade urbana quanto a qualidade de vida dos moradores.
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