
Na teoria, o Lotus Evija é um hipercarro que deveria parar o trânsito — e não apenas pela aparência.
Com 2.011 cavalos de potência, quatro motores elétricos independentes e um visual digno de um filme de ficção científica, ele é o carro mais potente já feito pela lendária fabricante britânica.
Mas na prática, o Evija está encontrando algo que nenhum hipercarro quer enfrentar: desinteresse.
Apesar de sua ficha técnica impressionante, que supera nomes como Ferrari SF90, Bugatti Tourbillon e até o elétrico Rimac Nevera, o Evija tem encontrado um mercado cada vez mais frio.

A produção limitada, o preço superior a US$ 2 milhões e o apelo puramente elétrico não estão convencendo os bilionários entusiastas a adicioná-lo às suas coleções.
O jornalista Jethro Bovingdon, da Top Gear, teve a oportunidade de pilotar o Evija e ficou impressionado com sua performance, destacando a aceleração brutal, a precisão da direção e a maneira como o carro esconde seu peso de quase duas toneladas.
Ainda assim, ele mesmo reconhece que falta um certo “algo” para fazer do Evija um carro verdadeiramente desejável aos olhos do público mais abastado.
E talvez esse “algo” seja exatamente o que os hipercarros elétricos não conseguem entregar: emoção mecânica. O silêncio do powertrain, a ausência de trocas de marcha, o comportamento previsível e limpo — tudo isso pode ser tecnicamente superior, mas emocionalmente distante.

Até mesmo Mate Rimac, criador do Nevera e um dos maiores nomes do universo dos EVs de altíssimo desempenho, já reconheceu que esse tipo de carro não está mais empolgando como antes.
“Quando começamos o desenvolvimento, elétrico era novidade. Agora que virou padrão, os clientes de topo querem se destacar — e preferem voltar aos motores a combustão”, explicou ele em 2024.
O próprio posicionamento da Lotus parece refletir isso. Em 2024, a marca abandonou seus planos de se tornar 100% elétrica, justamente num momento em que o Evija deveria ser o ápice dessa transição.

Mesmo com 2.000 cv, cifras de aceleração surreais e aerodinâmica ativa, o Evija está encalhado num limbo de prestígio: sofisticado demais para ser ignorado, mas frio demais para ser amado.
No fim das contas, parece que, para esse público, desempenho bruto não basta. É preciso alma — e ronco.

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